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Tudo sobre células-tronco

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Última atualização em 29 de julho de 2021

Entenda porque as células de cordão umbilical se popularizam no Brasil para o tratamento do câncer de sangue

Nos últimos 20 anos, muitas novidades científicas foram apresentadas em todo o mundo. Diversas delas fizeram grande diferença no tratamento de doenças como o câncer, possibilitando a milhares de pessoas uma vida normal e com qualidade.

A utilização das células-tronco do cordão umbilical foi uma delas. Nesta matéria, conheça o importante papel desta descoberta na busca pela cura de cânceres do sangue.

Conceito de células-tronco

Consideradas células muito especiais, elas surgem no ser humano ainda durante a fase embrionária, ou seja, antes mesmo do nascimento. Assim que o bebê vem ao mundo, alguns órgãos ainda mantêm dentro de si uma pequena porção de células-tronco, que passam a ser responsáveis pela renovação constante desse órgão específico. Suas duas principais características são:

1 – Conseguir se reproduzir, duplicando-se e gerando duas células com iguais características

2 – Conseguir se diferenciar, ou seja, transformar-se em diversas outras células de seus respectivos tecidos e órgãos

Um exemplo é a célula-tronco hematopoiética, que no adulto se localiza na medula óssea. Há alguns anos, essas mesmas células também foram encontradas, em grande número, no cordão umbilical do recém-nascido. Isso tornou este órgão de grande valor para o transplante de medula óssea (TMO).

Segundo o Dr. Nelson Hamerschlak,  membro do Comitê Científico Médico da Abrale, o uso de sangue do cordão umbilical, com o objetivo de alcançar a reconstituição hematopoética, foi iniciado pela Dra. Eliane Gluckman em 1988, na França.

“Desde 1997 seu uso tem aumentado no mundo todo, principalmente para crianças com até 15 anos de idade, portadoras de leucemias agudas, hemoglobinopatias e anemia aplástica”, diz o Dr. Nelson.

As células-tronco do cordão umbilical podem ser usadas em todas as situações em que seja indicado o transplante de medula óssea. De acordo com o Dr. Celso Arrais, coordenador de Transplante de Medula do Hospital Sírio Libanês e membro do Comitê Científico Médico da ABRALE, este procedimento é uma importante opção para aqueles que não têm doadores de medula compatíveis na família ou nos bancos de doadores voluntários.

“Não existem restrições ao uso. Apenas deve-se respeitar a compatibilidade com o paciente que receberá o cordão e o número de células tronco mínimo para garantir a segurança do procedimento. Tanto crianças como adultos podem receber transplante de cordão”, explicou o hematologista.

Como tudo acontece

Equipes estão nos principais hospitais para orientar as futuras mães sobre a coleta deste material, logo no momento do parto.

O sangue do cordão umbilical e placenta, com cerca de 100ml, é colhido e drenado para uma bolsa de coleta. Em seguida, já no laboratório de processamento, as células-tronco são separadas e preparadas para o congelamento.  Elas podem permanecer congeladas por vários anos.

Já o transplante com as células de cordão umbilical é semelhante ao realizado com doador de medula óssea. Após o período de condicionamento, no qual o paciente recebe altas doses de quimioterapia  para destruir todas as células doentes, as células-tronco são introduzidas em um procedimento que parece uma transfusão sanguínea.

Vantagens e desvantagens

As células do cordão estão imediatamente disponíveis ao paciente, anulando a necessidade de localizar um doador de medula óssea. Neste tipo de transplante também não é necessária a compatibilidade total entre o sangue do cordão e o paciente.

Mas, por apenas ser realizada uma única coleta a cada cordão, o volume de células retiradas fica limitado. Em alguns casos, é necessário restringir o peso do paciente que irá receber o transplante – entre 50kg e 60kg.

Onde doar

A doação deve acontecer em maternidades credenciadas na Rede BrasilCord, que reúne bancos públicos de sangue de cordão do país.

São 13 bancos públicos de sangue de cordão umbilical em funcionamento, sendo quatro no estado de São Paulo e um em cada seguinte estado: Rio de Janeiro, Brasília, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Ceará, Pará, Pernambuco Paraná e Minas Gerais.

Em São Paulo, os hospitais privados Albert Einstein e Sírio Libanês também têm seus bancos de células de cordão umbilical.

Pagar pelo congelamento é uma boa ideia?

Ainda é forte o pensamento que o cordão umbilical poderá ajudar a própria pessoa, no futuro, caso apresente algum problema. Por este motivo, muitos, incluindo os famosos, acabam pagando para manter as células do cordão congeladas – e não pagam barato.

Porém, de acordo com o Dr. Celso Arrais, esta não é uma prática indicada no momento.

“No caso das leucemias, linfomas, doenças hereditárias e imunes, em que o transplante com as células do cordão umbilical é indicado, o uso do cordão da própria pessoa não é adequado, uma vez que não teria efeito sobre as células doentes nos casos de câncer ou também portaria o mesmo defeito no caso de doenças imunes ou hereditárias. Por este motivo, as Sociedades Internacionais de Hematologia e Hemoterapia não recomendam o congelamento do cordão para uso próprio, mas sim a doação para bancos públicos”, orientou.

Essa é a mesma opinião do Dr. Nelson Hamerschlak. “Como hematologista, recebo inúmeras consultas de casais perguntando se devem ou não congelar o sangue do cordão umbilical de seus filhos. Minha resposta tem sido ‘eu não guardaria do meu filho.’ No que se refere ao uso autólogo destas células para o transplante de doenças hematológicas, devemos lembrar que potencialmente as alterações genéticas já estariam determinadas ao nascimento. Sendo assim, em minha opinião, os bancos de cordão privados não acrescem em nada no sistema de saúde. É uma atividade de cunho puramente comercial”, falou.


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7 Comentários
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Qual o nome do Autor dessa noticia?

Não obrigada, adorei essa matéria

Achei bastante interessante o conteúdo apresentado

Gostaria de saber se celula tronco servira para recuperar à visão em caso de macula no Globo ocular?
Além de casos de leucéma
etc…

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