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Doação de medula óssea: chance de salvar vidas e oferecer recomeços

O mês de junho se colore de laranja para alertar sobre duas doenças importantes e que envolvem o sangue: a anemia e a leucemia. Esta última, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), vitimou 7.370 pessoas em 2019. O órgão estima que no ano passado mais 10.810 novos casos foram diagnosticados.

Mas o que é a leucemia? É um tipo de câncer que tem início nas células-tronco da medula óssea, tecido líquido-gelatinoso localizado no interior dos ossos e responsável pela produção dos componentes do sangue, de acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), A doença pode ser dividida em 12 categorias, sendo as quatro mais comuns:

  • Leucemia mieloide aguda (LMA)
  • Leucemia mieloide crônica (LMC)
  • Leucemia linfoide aguda (LLA)
  • Leucemia linfoide crônica (LLC)

Entre os fatores que determinam o diagnóstico estão a velocidade de crescimento das células doentes, a sua funcionalidade e o tipo de glóbulo branco afetado (mieloide ou linfoide). “A leucemia aguda progride rapidamente e produz células que não estão maduras e não conseguem realizar as funções normais. A leucemia crônica, entretanto, progride lentamente e os pacientes têm um número maior de células maduras”, explica a Abrale.

A diminuição dos glóbulos vermelhos ocasiona anemia, o que inclui fadiga, falta de ar, palpitação e dor de cabeça. A redução dos glóbulos brancos provoca baixa da imunidade, deixando o organismo mais sujeito a infecções, e das plaquetas pode ser sinalizada com sangramentos.

O paciente pode apresentar inchaço no pescoço ou nas axilas, febre/ suores noturnos, perda de peso sem motivo aparente, desconforto abdominal e dores nos ossos e nas articulações. Caso a doença afete o Sistema Nervoso Central (SNC), podem surgir dores de cabeça, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação. As informações são do INCA.

A prevenção da leucemia ainda é desconhecida, já que os pacientes normalmente não apresentam nenhum fator de risco em comum. Entretanto, especialistas alertam que o tabagismo deve ser evitado, pois pode se relacionar com a LMA e com os cânceres de pulmão, boca e bexiga. O alerta para o diagnóstico se dá quando o hemograma, presente em exames de sangue, é alterado. Para confirmar a enfermidade, se analisa a medula óssea mais a fundo por meio de outros testes, sempre com acompanhamento médico.

No geral, o tratamento pode ser feito via quimioterapia. Contudo, em algumas situações o mais indicado é o transplante de medula óssea, uma vez que, pouco a pouco, as células sanguíneas saudáveis vão sendo substituídas por células anormais cancerosas e se tornando minoria no corpo do ser humano. A partir daí se inicia uma jornada.

Ato que transcende o ser humano

Quando o transplante de medula óssea para a ser fundamental para a qualidade de vida do paciente com leucemia, é essencial compreender que existem três classificações distintas para o procedimento, segundo o INCA.

  • Autogênico: quando a medula vem do próprio paciente
  • Alogênico: quando a medula vem de um doador
  • Uma terceira opção é quando o transplante é feito a partir de células precursoras de medula óssea, obtidas do sangue circulante de um doador ou do sangue de cordão umbilical

No segundo caso, é essencial contar com doadores voluntários. No mundo, são mais de 33 milhões deles cadastrados em bancos. Destes, 5.357.721 milhões estão no Brasil, de acordo com dados de março de 2021 do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

As chances de encontrar um doador com compatibilidade sanguínea e genética são de 25% entre irmãos de mesmo pai e mãe. Todavia, caso isso não ocorra, a probabilidade passa a ser de 1 a cada 100 mil pessoas. Atualmente, há uma média de 850 cidadãos na fila de espera.

Uma dessas pessoas aguardando por um doador era a Marcely Vicente Klein, moradora de Vila Velha (ES). Ela, após sentir muita dor no corpo e cansaço, e notar a presença de manchas na pele, realizou exames, foi ao médico e recebeu o diagnóstico de Leucemia Linfoide Aguda em setembro de 2010. Na época, ela tinha 24 anos.

A bancária realizou o tratamento com quimioterapia e medicações por dois anos até se curar. Entretanto, em 2014, a doença voltou ainda mais forte. Daí a necessidade de conseguir uma medula óssea. Seus dois irmãos, infelizmente, não eram compatíveis e havia apenas um possível doador disponível no Redome.

Para a sua surpresa, a possibilidade se confirmou e tudo ocorreu perfeitamente e sem intercorrências. O transplante foi executado em um hospital em São Paulo, a medula óssea se estabeleceu completamente em seu organismo em 10 dias e seu tipo sanguíneo passou de O- para a A+.

Recebi vida em vida. Hoje, literalmente, o sangue da doadora corre nas minhas veias. Apesar de toda a dor que a leucemia me trouxe, carrego também essa história linda. Sou privilegiada por ter recebido a medula de alguém que nem me conhecia, que fez isso por amor”, relata Marcely.

Por mais que a bancária estivesse ansiosa para conhecer a doadora, uma das regras do Redome é que as identidades dos envolvidos devem permanecer em sigilo por 18 meses. Após esse período, caso ambos concordem, eles podem se conhecer. Foi o que aconteceu.

À mais de 1250 quilômetros dali, Karla Santos Ducatti Fidelis, professora e coordenadora pedagógica de um colégio em Bauru, em 2007, participou de uma campanha de doação de sangue por meio da igreja que frequenta. Contudo, algo inesperado ocorreu quando compareceu ao hemocentro: descobriu que suas veias eram muito finas e estouravam facilmente, o que impossibilitou a ação. Como havia o sentimento de ajudar o próximo era presente e já estava no local perfeito, ela decidiu se cadastrar como doadora de medula óssea.

Em março de 2014, o chamado veio. O Redome a localizou por telefone e a convocou para realizar mais exames para realmente confirmar se havia compatibilidade com a receptora. A resposta positiva veio em maio e acompanhada de uma viagem à São Paulo para que Karla fizesse um check-up e conhecesse o hospital e a equipe médica.

Um mês depois, a validação final veio e, então, o transplante foi agendado para 28 de agosto. Nos cinco dias que antecederam o procedimento, a profissional da educação tomou injeções para aumentar a produção de sangue. Como suas veias são vulneráveis e o fluxo sanguíneo estava lento, os profissionais optaram por fazer o processo via aférese na virilha. A operação foi um sucesso.

Atualmente, quase sete anos após o feito que salvou a vida de Marcely, Karla defende e incentiva o cadastro de voluntários para doação de medula óssea, já que sua experiência foi inesquecível e deu a ela uma nova irmã.

É importante ressaltar que Karla e sua acompanhante não precisaram pagar nada pelas viagens à São Paulo (deslocamentos, estadias, alimentação e etc.), pois as atividades foram custeadas integralmente pelo Redome.

 

Fonte: G1

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