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Menina de 9 anos vence câncer e arrecada 5 mil litros de leite para doar a crianças em tratamento

Beatriz Trivelato Simionato recebeu diagnóstico de 3 linfomas e foi tratada no Hospital de Câncer de Barretos. Ela sonha ser médica para poder curar pacientes com a doença.

 

 

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Ribeirão Preto, Bia arrecadou 4 mil litros de leite para o HC de Barretos (Foto: Cintia Trivelato/Arquivo Pessoal)

 

Desde os primeiros anos de vida, a pequena Beatriz Trivelato Simionato encara as dificuldades com coragem de gente grande. Aos 4 anos, Bia, como gosta de ser chamada, foi diagnosticada com três linfomas e permaneceu em tratamento no Hospital de Câncer de Barretos (SP). A menina venceu a doença e agora, ao completar 9 anos, acaba de mobilizar os pais e os amigos em uma ação solidária: arrecadar leite para crianças que estão internadas, situação que ela conhece bem.

Os pais, a educadora Cintia Cristiane Trivelato e o tapeceiro Luiz Roberto Simionato, encabeçaram a campanha que resultou na doação de 5.274 litros de leite. A mãe elogia o gesto que considera de extrema generosidade, ainda mais vindo de alguém tão jovem.

“No mundo hoje é tão difícil encontrar pessoas que ajudam o próximo, e a gente conseguir plantar uma sementinha do bem nela é um orgulho. Eu espero que ela continue assim, que cresça e possa ajudar os outros”, diz Cintia.

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Bia completou 9 anos e ganhou mais de 5 mil caixas de leite de presente (Foto: Cintia Trivelato/Arquivo Pessoal)

 

A batalha

Em 2012, ao completar 4 anos de idade, Bia foi diagnosticada com três linfomas do tipo Burkitt no abdômen, uma forma rara e agressiva de câncer.

“Numa consulta de rotina o pediatra notou que ela estava com a barriga inchada e entrou com uma medicação para verme. Como não surtiu efeito, ele começou a investigar e nos exames seguintes foi constatado um tumor. Fomos encaminhadas para o HC e lá foi constatado que eram três cânceres”, afirma a mãe.

Segundo o oncologista pediátrico Robson de Castro Coelho, do Hospital de Câncer de Barretos, inicialmente é comum o médico confundir os sintomas porque eles estão ligados a dores abdominais. “A pessoa vai ao pronto-socorro, o médico acha que é uma apendicite e na hora da cirurgia encontra a massa que é o linfoma.”

O especialista explica que o linfoma pode surgir em qualquer parte do corpo, mas ocorre com mais frequência no abdômen.

“Os linfomas são os cânceres que vão aparecer no tecido linfoide, aquela parte que faz as ínguas. Elas fazem parte do nosso sistema de defesa, avisam quando a gente tem algum tipo de infecção. O linfoma é o crescimento incontrolável dessa célula”, explica Coelho.

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Beatriz enfrentou três meses de tratamento intensivo no Hospital de Câncer de Barretos, SP (Foto: Cintia Trivelato/Arquivo Pessoal)

 

Casos de linfoma tipo Burkitt são tratados com quimioterapia. Durante três meses, Bia passou por diversas sessões no hospital e raspou os cabelos por causa da queda acentuada dos fios. Todas as etapas da luta da filha foram registradas pela mãe, que jamais perdeu a esperança de ver a filha curada.

 

“Foram três meses muito intensos, mas a Bia é muito iluminada e você não a via chorando. Ela sempre quis viver. Eu tive que aprender a ser forte para não chorar perto dela, para não sofrer perto dela. Quando ela fazia os exames e tinha que ficar o dia inteiro em jejum para esperar a vaga, eu ficava em jejum junto com ela. Eu busquei forças em Deus. Deus sustentou a gente”, afirma Cintia.

 

Em agosto de 2012, a família recebeu a notícia mais aguardada – Bia estava curada. “O baque foi tão forte que a minha ficha sobre tudo o que ela tinha passado só caiu uns 20 dias depois que eu soube”, diz a mãe.

A educadora afirma que o diagnóstico precoce do câncer foi fundamental para que Bia tivesse mais chances de vencer a doença. “Tudo que seria feito num procedimento normal de nove meses conseguiu ser realizado em três, e ela reagiu muito bem ao tratamento”, conta.

 

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Beatriz brinca com médica no Hospital de Câncer de Barretos, SP (Foto: Arquivo pessoal/Divulgação)

 

Generosidade

 

Bia ainda faz acompanhamentos no hospital e a convivência com as crianças em uma situação que ela conhece de perto despertou uma vontade enorme de ajudar. A menina explicou aos pais que queria fazer algo pelos pacientes e foi aí que surgiu a ação do bem.

“Quando eu tinha câncer faziam leite para mim no hospital e eu gostava muito de beber leite. Então eu resolvi doar o leite para as outras crianças que ainda estão lá”, diz a pequena.

Prestes a completar 9 anos, Bia resolveu mobilizar os pais em uma campanha de arrecadação e a iniciativa ganhou mais adeptos. Ao invés de brinquedos e roupas no aniversário, ela pediu leite de presente. Pessoas que sabiam sobre o caso de superação da menina abraçaram a causa e desconhecidos se sensibilizaram fazendo as doações.

“Começamos a divulgar nas escolas e a campanha foi crescendo de uma forma que a gente jamais imaginou. Todo mundo começou a compartilhar, cantores começaram a gravar vídeos pedindo doação. Teve gente do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, gente que conheceu pela internet e quis participar”, afirma Cintia.

Os preparativos para reunir todas as doações no dia 6 de maio, data da festa de aniversário, começaram pela escolha do tema. “Mulher maravilha porque ela é a maior guerreira. Ela ajuda as pessoas e eu também vou ajudar”, explica a menina.

No sábado, vestida como a heroína dos quadrinhos, Bia pode finalmente dimensionar a grandiosidade de seu gesto. Ao todo, 5.274 litros de leite foram arrecadados para as crianças que estão em tratamento no Hospital de Câncer ou são acompanhadas pela Casa Acolhedora Vovô Antônio e pelo Instituto Bruno Boeira, todos em Barretos.

À frente de centenas de caixas de leite, ela posou para fotos e disse que pretende continuar cuidando das pessoas que precisam de ajuda.

 

“Eu resolvi ser médica depois que eu passei por tratamento e vi como eles [médicos] trabalham. Eu gosto muito deles e eu também quero ajudar a salvar vidas, quero ajudar as outras pessoas.”

 

Engajada, a menina já faz planos para o aniversário do ano que vem e pretende arrecadar brinquedos para presentear outras crianças. Para a mãe, não há limites para o enorme coração da filha. “Ela é muito humana, sempre pensa muito no outro, é muito apegada com as crianças pequenininhas que estão lá. À noite, ela pede a Deus para curar as crianças, assim como ela foi curada. Ela está ótima, graças a Deus.”

 

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Bia ao lado das irmãs e dos pais, Cintia e Luiz Roberto Simionato, em Barretos, SP (Foto: Arquivo pessoal/Divulgação)

 

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Em 2016, Bia doou o cabelo para o projeto “Fios de Esperança”, que produz perucas para pacientes em Barretos (Foto: Cintia Trivelato/Arquivo Pessoal)

 

Fonte: Site | G1

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