A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) está realizando as chamadas públicas…
Pacientes com linfoma na fila para o transplante de medula correm risco de desabastecimento de medicamento
Última atualização em 5 de julho de 2021
A Lomustina, fármaco com melhor desempenho e baixo índice de efeitos colaterais será descontinuada em 2022
No último dia 17 de maio, a farmacêutica Bristol Myers Squibb emitiu um comunicado a ANVISA e entidades médicas sobre a descontinuação definitiva do Citostal (Lomustina) no Brasil. O medicamento é indicado a pacientes com tumores cerebrais e linfoma de Hodgkin e Não Hodgkin, neste segundo com indicação para o transplante de medula óssea. A empresa alega que a decisão se baseou em um mercado com outras alternativas ao remédio e que manteria importação apenas até abril de 2022 quando permaneceriam apenas os estoques disponíveis.
A SBTMO (Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea) em conjunto com a ABRALE (Associação Brasileira de Leucemia e Linfoma), o Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) e a SOBOPE (Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica), emitiram um ofício a ANVISA solicitando uma ação para garantir o abastecimento da Lomustina.
Uma terapia importante
Os especialistas alertam que além de valor mais acessível o Citostal (10mg e 40mg), possui melhor resposta em pacientes adultos e pediátricos e, consequentemente, menor incidência de efeitos adversos (toxicidade). Desta maneira é considerado a melhor droga disponível para quem está elegível ao transplante.
“Novamente os pacientes, aqueles que não podem esperar, estão a mercê de processos burocráticos e mercadológicos se sobrepondo a vida. Não contar com a Lomustina no tratamento pode aumentar as chances de desfechos negativos para o tratamento de linfoma. Hoje não há nenhum outro fornecedor deste fármaco homologado em nosso País.” Afirma Dr. Nelson Hamerschlak, presidente da SBTMO.
Em outros países, existem apenas mais 3 fabricantes do mesmo medicamento. Por isso, caso a descontinuação venha a acontecer a solução seria ter a liberação de outros fabricantes no Brasil.
O prejuízo será grande
Para se ter ideia, apenas no último ano nos últimos 10 anos foram realizados 1050 transplantes autólogos – onde o doador é o próprio paciente, indicado para os pacientes com linfoma – no Brasil, segundo dados do RBTCTH (Registro Brasileiro de Transplante de Células-tronco Hematopoiéticas).
Em 2020 foram 1927 transplantes autólogos no País – segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos ABTO (https://site.abto.org.br/publicacao/xxvi-no-4-anual/).
Neste cenário adultos e crianças podem não ter acesso a um tratamento com maior índice de sucesso por conta da descontinuação da Lomustina. “Para nós, médicos, é bastante desafiador saber e conhecer alternativas comprovadamente mais eficientes e não termos as mesmas à disposição sejam em serviços públicos ou privados. É uma questão séria e generalizada” Finaliza Hamerschlak.
As entidades reforçam ainda que outros medicamentos como a Carmustina também apresentam falhas do abastecimento já há algum tempo o que compromete um número ainda maior de pacientes no Brasil.