No dia 6 de novembro aconteceu, no Rio de Janeiro, a nona edição do Fórum…
Destaques EHA 2024
Veja as principais novidades terapêuticas para os cânceres do sangue, apresentadas no maior evento de Hematologia realizado na Europa
O European Hematology Association – EHA 2024, maior evento da Onco-Hematologia da Europa, aconteceu de 13 a 16 de junho em Madrid, na Espanha.
Ao longo dos dias, especialistas de todo o mundo apresentaram atualizações e inovações em tratamentos, por meio de palestras, pôsteres científicos, workshops interativos, dentre outros. Dra. Catherine Moura, médica sanitarista e CEO da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), esteve no evento. Aqui, separamos alguns destaques para você!
LEUCEMIAS CRÔNICAS
- Leucemia linfocítica crônica (LLC): para aqueles que apresentam a mutação TP53, uma pesquisa feita com mais de 10 mil pacientes avaliou o prognóstico e mostrou que esta alteração continua sendo um importante fator preditivo de resposta terapêutica, sendo superior a outros fatores, como o status mutacional. Em relação ao tratamento, é possível ver uma grande diferença com o uso de quimioterapia e imunoterapia nestes casos. As combinações com venetoclax e anti-CD20 mostraram bons resultados, e as combinações com IBTK, principalmente o uso de ibrutinibe, não geraram tanto impacto.
- Leucemia mieloide crônica (LMA): o asciminibe mostrou ser superior em primeira linha por ter atingindo uma resposta mais profunda e com uma toxicidade menos limitante ao uso, quando comparado aos inibidores da tirosina quinase (ITQ) considerados mais “potentes”. O medicamento já está aprovado pela Anvisa, mas para adultos com LMC que usaram dois tratamentos prévios de ITQ.
LEUCEMIAS AGUDAS
- Leucemia linfocítica aguda (LLA): estudo organizado por um grupo chinês desenvolveu uma nova tecnologia CAR-T Cell para incorporar o silenciamento do gene da interleucina-6 e, assim, reduzir a liberação dessa citocina nas células CAR-T, atenuando eventos adversos. Os pacientes analisados tinham LLA recidivada e refratária e também o gene CD-19 positivo. Os resultados foram promissores e demonstraram uma menor incidência de liberação de citocinas, além de remissão completa após 12 meses em 91% dos casos.
- Leucemia mieloide aguda (LMA): os inibidores de menina foram o destaque. Os dados novos vêm em um cenário para pacientes refratários, com as muteações genéticas KTM2A e NPM1. Dentre as novidades, está a associação com outras moléculas, como o venetoclax somado à hipometilantes, que são os triplets, com resultados muito interessantes na fase 1 e 2. Os dados mais robustos é do revumenibe, porque é a primeira molécula estudada.
MIELOMA MÚLTIPLO
Dentre as diversas pesquisas apresentadas, estavam os resultados dos estudos DREAMM-7 e DREAMM-8, ensaios clínicos de fase 3 que avaliam a eficácia e segurança de combinações terapêuticas envolvendo belantamabe mafodotina (belamaf) em pacientes com mieloma múltiplo recidivado/refratário (RRMM) que receberam pelo menos uma linha de tratamento prévio. No estudo DREAMM-7, a combinação de belamaf com bortezomibe e dexametasona (BVd) foi comparada a daratumumabe, bortezomibe e dexametasona. Já o estudo DREAMM-8 avaliou belamaf combinado com pomalidomida e dexametasona (BPd) vs. pomalidomida, bortezomibe e dexametasona (PVd). Ambos os estudos mostraram que as novas combinações apresentaram melhoria na sobrevida global e também respostas mais profundas ao tratamento.
LINFOMA DE HODKIGN (LH)
Para os pacientes idosos, foram levantados pontos muito relevantes no EHA 2024. O primeiro deles foi sobre a biologia da doença, porque muitas vezes esse grupo apresenta um LH mais agressivo, em estadiamentos mais avançado. A questão clínica também, por terem comorbidades e muitas vezes não serem elegíveis à bleomicina, já que pode ter uma toxicidade maior em pessoas acima dos 70 anos. Para esta população, é sugerida a inclusão do brentuximabe e também de um esquema sequencial com brentuximabe + AVD + brentuximabe, trazendo assim menos efeitos adversos.
LINFOMA NÃO-HODGKIN (LNH)
O linfoma difuso de grandes células B tem sido o foco de atenção em estudos, tanto sobre a primeira linha de tratamento, com dados já consolidados para a combinação do polatuzumab + rituximabe, trazendo desfechos de sobrevida livre de progressão; na segunda linha terapêutica, que incluí o CAR-T Cell, especialmente para os pacientes que têm uma progressão precoce; e na terceira linha, com o uso dos anticorpos biespecíficos. No Congresso, os especialistas apresentaram uma nova possibilidade, com a combinação biespecíficos + quimio/imunoterapia, no cenário de recidiva e refratariedade, e os dados foram bastante positivos.
Fonte: Hemomeeting | Texto: Tatiane Mota, jornalista da Abrale