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“100% de esforço onde houver 1% de chance” é o lema que garantiu título para melhor ONG de saúde de 2021
Abrale conta como conseguiu se destacar, mesmo em ano desafiador e de transformações
Na lista das Melhores ONGs do Brasil por três edições consecutivas, a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) foi reconhecida, em 2021, como a melhor organização de saúde do país. Referência em sua área de atuação, a Abrale atua em mais de dez estados e conta com mais de 200 voluntários que, mobilizando parceiros, garantem que pessoas com câncer e doenças do sangue tenham acesso ao melhor tratamento disponível. A entrevistada da semana é a Dra. Catherine Moura, médica sanitarista e CEO da Abrale. Ela conta um pouco sobre os impactos do reconhecimento, os desafios e os planos para este ano em que a organização completa 20 anos. Boa leitura!
Como foi manter a atuação durante o ano de 2021, apesar da continuação das dificuldades impostas pela pandemia?
Foi um ano desafiador e de transformação, sem dúvidas. Atuamos em quatro frentes: apoio ao paciente; políticas públicas e advocacy; educação e informação; pesquisa e monitoramento de dados públicos em oncologia. Todas antes com serviços presenciais que precisaram ser readequados rapidamente para modalidade remota, digital. Sabemos que a vida de milhares de pacientes depende do nosso trabalho e, incorporando inovação e tecnologias, conseguimos manter e ampliar, desde o início da pandemia, os nossos serviços 100% gratuitos oferecidos à sociedade.
Além disso, tivemos que dar atendimento às demandas urgentes que foram intensificadas devido à pandemia (descontinuidade de oferta de medicamentos, gargalos no diagnóstico, tratamento e cirurgias oncológicas, falta de informação) em razão da priorização do sistema de saúde às ações emergências de enfrentamento à Covid-19. Mas, o câncer não espera, nossa atuação é crucial e precisa acontecer em tempo oportuno para impactar positivamente na vida dos pacientes e na saúde populacional. Nos adaptamos, nossos colaboradores e voluntários mantiveram a resiliência e foco, nossos pacientes aceitaram muito bem nossos serviços em novas modalidades e juntos seguimos nesse enfrentamento. Foi um ano de superação.
O que vocês acreditam que garantiu o destaque na sua categoria?
Nosso lema já diz muito da nossa missão e visão: “100% de esforço onde houver 1% de chance”. Isso significa que não desistimos das pessoas, nunca. Mantemos o empenho e o profissionalismo, com foco no melhor desempenho. São 20 anos desde a fundação da Abrale e seguimos focados em apoiar e dar voz aos pacientes e familiares, para melhorar os cuidados em onco-hematologia.
A credibilidade e a reputação institucional que construímos ao longo do caminho são fundamentais para que possamos entregar os nossos resultados de acordo com nossos valores: o amor, a ética, o profissionalismo, o cuidado integral, a igualdade, o acolhimento, a fé e a união. Outro ponto é que, na Abrale, não atuamos sozinhos. Consolidamos redes e mobilizamos os principais atores do ecossistema da saúde para contribuirmos com o aprimoramento dos tratamentos e no avanço de leis, que beneficiam o sistema de saúde e a atenção oncológica no Brasil. Conseguimos, assim, um maior impacto em nossas ações que visam sempre a universalidade, equidade e integralidade no atendimento para todos.
Todos os dias buscamos a excelência operacional e qualidade para melhor aplicarmos os recursos financeiros, otimizarmos o tempo e a expertise da nossa equipe e impactarmos a vida de mais pessoas. Depois do Prêmio, temos a percepção de que as pessoas reconhecem ainda mais o valor agregado do nosso trabalho e isso nos motiva muito. São muitos os desafios, como as lacunas assistenciais, desigualdades regionais de acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento, políticas públicas ineficientes, mas não desistimos, estamos sempre proativos ao lado de quem precisa de apoio – pacientes e familiares. Representamos a voz dos pacientes porque atuamos lado a lado com eles, ouvindo suas demandas, criando pontes para ajudá-los a terem a melhor jornada de cuidados de saúde.
Como o Prêmio foi recebido aí e como está fazendo diferença no trabalho?
O Prêmio foi recebido com enorme alegria e gratidão. A repercussão interna foi muito positiva, gerando estímulo e motivação para a nossa equipe de colaboradores do “BEM”, nosso maior capital. Externamente, recebemos com satisfação manifestações de entidades parceiras, profissionais, pacientes e autoridades públicas, o que impulsiona a divulgação de quem somos e o que fazemos para mais pessoas e aumenta nossa oportunidade de sermos relevantes para a sociedade. Adicionalmente, nos diferenciamos com esse “selo” de qualidade da nossa entidade, o que nos ajuda a seguir como referência no setor e no segmento em que atuamos. Já recebemos esse reconhecimento público outras três vezes e sabemos, na prática, como nos fortalece estar entre as melhores ONGs do país.
Temos acompanhado a profissionalização do terceiro setor e isso é fundamental. Nesse sentido, o Prêmio ajuda a gerar o reconhecimento da nossa qualidade na gestão, valida a transparência e confirma nosso compromisso de contribuirmos com a transformação social no nosso país. A Abrale já nasceu com esse DNA, somos uma ONG que acredita que pode fazer sempre mais e melhor.
Qual é o maior sonho da organização para 2022? O que já está sendo feito para conquistá-lo?
Nossa maior meta esse ano é continuar na consolidação do nosso trabalho em nível nacional, alcançarmos mais pessoas, ajudando assim a transformar a realidade da saúde no nosso país. Também queremos ampliar algumas das nossas iniciativas importantes de advocacy, educação, pesquisa e capacitação em saúde, tais como: Movimento Todos Juntos Contra o Câncer; Alianza Latina; Observatório de Oncologia; e Onco Ensino. Para isso, nossas diretrizes estratégicas e esforços buscam o desenvolvimento institucional, a sustentabilidade financeira, investimento em inovação, excelência operacional e a ampliação dos projetos da Abrale, cobrindo o território do Brasil com parcerias com centros de referência de assistência, ensino e pesquisa, em oncologia e onco-hematologia, e fortalecendo redes de apoio com parceiros públicos e privados.
Ao mesmo tempo, também buscamos o espaço de colaboração internacional para incrementar nosso potencial como Organização. Esse ano celebramos nossos 20 anos como ONG na saúde e queremos crescer para ampliar nosso alcance, apoiar mais pacientes e familiares e, simultaneamente, influir com assertividade na luta contra o câncer que é um problema de elevada magnitude e relevância na saúde pública.
O que motiva a ONG e sua equipe a continuar o trabalho?
São muitos os fatores de motivação, mas destacamos o impacto positivo e transformador do nosso trabalho e o reconhecimento que vem através dele. Prêmios de notório prestígio, como este de Melhores ONGs, auxiliam no fortalecimento da nossa cultura institucional, na capacidade de atrairmos e mantermos talentos para colaborarem na entrega da nossa missão e nos estimulam, como equipe, a elevarmos constantemente nosso compromisso com a excelência, a transparência e a ética na prestação dos nossos serviços. São reconhecimentos à seriedade e importância do nosso trabalho. Esperamos que possamos inspirar mais iniciativas de impacto em nossa sociedade, especialmente no setor saúde e, que sigamos com nosso compromisso social, em colaboração, gerando valor em saúde e cuidando de milhares de vidas – nossa vocação institucional.
Fonte: Prêmio Melhores ONGs