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Aos 23, ela teve leucemia: ‘Muito esforço mental para o físico suportar’

Beatriz Leite Lima tinha 23 anos quando foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda. Na primeira etapa do tratamento ela entrou em remissão da doença, mas cinco meses depois teve uma recidiva e precisou fazer um transplante de medula óssea. A seguir, a social media de 25 anos compartilha sua história: “Não é sobre a doença, mas é sobre superação”

“Fui fazer a unha na manicure quando percebi algumas bolinhas vermelhas e arroxeadas nos dedos dos pés. Inicialmente achei que poderia ser um problema de circulação por trabalhar muito tempo em pé ou até uma reação alérgica a algum alimento.

Fui viajar com uma das minhas irmãs e notei que a quantidade de bolinhas aumentou e que elas foram subindo para as pernas. Após voltar para casa, começaram a aparecer alguns hematomas bem grandes pelo meu corpo, na coxa, perna e panturrilha.

Pensei em ir ao hospital, mas acabei não indo porque tinha acabado de voltar de viagem e estava com a agenda lotada —na época trabalhava como esteticista facial.

Alguns dias depois comecei a sentir muito cansaço, fadiga e a ter uma tosse seca frequente. Fui ao pronto-socorro após não conseguir dormir e sair sangue ao tossir. Chegando lá, o médico não me examinou, só olhou minha garganta, disse que ela estava inflamada, passou um remédio na veia e me liberou.

Ao longo dos dias fui piorando, fiz uma consulta online e falei dos sintomas para o médico. Ele solicitou uma bateria de exames e me orientou a procurar um hematologista quando saísse os resultados, porque ele suspeitava que eu tivesse alguma doença hematológica.

No dia em que os exames ficaram prontos, meu marido abriu os resultados e ficamos preocupados porque o hemograma estava bem alterado, mas o que nos chamou mais atenção foi que minhas plaquetas estavam em 12 mil —em média o normal é 150 mil.

Na época, uma colega do trabalho dele estava com leucemia e ela falava muito sobre plaquetas baixas. Isso nos gerou um alerta e decidimos ir ao hospital em que ela estava fazendo tratamento.

Durante a consulta, o médico me examinou, viu os exames que tinha feito e disse que a probabilidade de ter leucemia era alta. Fiz o mielograma, alguns exames complementares e fui diagnosticada com leucemia mieloide aguda, aos 23 anos de idade, em 2022.

Na hora me mantive calma e tranquila porque de alguma forma já sabia que algo muito forte iria me acontecer. Não sigo nenhuma religião, mas algum tempo atrás havia sonhado que estava deitada em uma cama de hospital e minha família ficava ao meu redor. Tive esse sonho várias vezes e no momento não consegui entender, mas quando recebi o diagnóstico fez todo sentido.

Na primeira etapa do tratamento fiz transfusões de sangue, de plaquetas e alguns ciclos de quimioterapia. Em meio ao processo tive algumas complicações por conta de uma bactéria, fui para a UTI e quase não resisti.

Foi um período delicado, passei a maior parte do tratamento internada —em uma das internações mais longas cheguei a ficar 60 dias no hospital—, tive que me afastar do trabalho e naturalmente fiquei mais longe da minha família e dos amigos por conta das visitas que eram mais restritas.

Após um período, entrei em remissão da doença e durante cinco meses fiquei bem. Retomei a rotina, voltei a trabalhar, fui viajar, mas um tempo depois os hematomas apareceram novamente.

Fiz alguns exames e foi constatado que o câncer tinha voltado. Nessa nova etapa fiz mais sessões de quimioterapia e seria submetida a um transplante de medula óssea.

Na primeira vez consegui lidar melhor com o diagnóstico e fui forte pela minha família. Na segunda vez precisei me acolher, entender minhas emoções e comecei a fazer terapia. É um processo que exige muito esforço mental para o físico poder suportar.

Fiquei bastante debilitada, em alguns momentos pensei em desistir, mas mantive o foco e a esperança em ser curada.

“Minha irmã mais velha foi minha doadora”

Iniciamos as buscas por um doador no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) e minhas três irmãs também fizeram o teste de compatibilidade. Duas tinham cerca de 50% e a Gabriella acabou sendo a minha doadora. Fiquei feliz e grata porque sempre tivemos uma relação boa e próxima. Fiz o transplante no dia 18 de maio de 2023 e 15 dias depois tive a ‘pega’.

Após o término do tratamento, sigo em remissão da doença e fazendo acompanhamento. Foram meses aceitando as minhas perdas, como ter perdido o meu estúdio e a vontade de trabalhar como esteticista. Estou ingressando na área de mídia social, tenho um perfil no Instagram onde compartilho a minha rotina e falo sobre leucemia.

Hoje sou uma outra Beatriz e estou em um processo de redescobrir quem sou. A minha história não é uma história sobre doença, mas é sobre como eu a enfrentei, o que eu aprendi e como fiz dela uma superação.”

Saiba mais sobre leucemia

A leucemia é um tipo de câncer do sangue que tem início na medula óssea, quando os glóbulos brancos, devido à uma (ou mais) mutação, passam a se proliferar de maneira descontrolada e não desempenham mais seu papel de proteção do organismo, impedindo as demais células de serem produzidas de forma adequada.

Fatores de risco: exposição a benzeno, agrotóxicos e cigarro, no entanto, não se sabe a causa na maioria das situações.

As leucemias são divididas em agudas, quando sua evolução é mais rápida por células imaturas doentes na medula óssea; ou crônicas, com uma evolução mais lenta por células maduras. Além disso, as células doentes podem ser do tipo mieloide ou linfoide.

Existem quatro principais grupos de leucemias:

  • leucemia linfocítica aguda
  • leucemia mieloide aguda
  • leucemia linfocítica crônica
  • leucemia mieloide crônica

Sintomas: sangramentos espontâneos, petéquias (pequeno ponto vermelho no corpo), hematomas, cansaço extremo, aumento do baço, dor nos ossos e articulações, perda de peso sem motivo e febre constante.

Diagnóstico: o primeiro exame a ser feito é o hemograma, um simples e rápido exame de sangue, que pode mostrar alterações em número e/ou forma das células doentes e das saudáveis em consequência da doença.

Ao desconfiar que pode ser uma leucemia, o médico pedirá o mielograma. Neste exame, uma pequena quantidade de sangue da medula é coletada com uma agulha especial que será penetrada diretamente na parte interna do osso (geralmente o da bacia) para trazer pequenas gotas do material, que será analisado em laboratório.

Cada subtipo de leucemia terá uma indicação diferente, mas de forma geral, os tratamentos indicados são:

  • quimioterapia
  • terapia alvo
  • imunoterapia
  • transplante de medula óssea com doador compatível (aparentado ou não)
  • Nas leucemias agudas pode ser indicado transfusão de sangue e plaquetas.

Os tratamentos medicamentosos têm apresentado excelentes resultados clínicos, possibilitando ao paciente uma vida normal. A leucemia mieloide crônica é o maior exemplo disso —com o uso de alguns comprimidos diários, a pessoa vive como se tivesse qualquer outra doença crônica que não um câncer.

Há também o CAR-T Cell, uma nova terapia genética que vem demonstrando resultados clínicos promissores na leucemia linfocítica aguda em crianças e adultos jovens.

O transplante de medula óssea, combinado à quimioterapia, pode ser recomendado para pacientes com leucemias agudas de alto risco. Existem dois tipos de transplantes de medula óssea.

No alogênico, a medula óssea do paciente está doente e já não serve mais, por isso ele necessita da medula de um doador compatível para repovoar o tecido do osso. O doador pode ser aparentado ou não.

No autólogo, a própria medula do paciente é reinfundida, no entanto, os resultados não são tão satisfatórios.

Leucemia tem cura? Sim, mas o mais correto é dizer remissão da doença, isto é, ficar indetectável, entretanto o acompanhamento médico periódico é necessário.

* Fonte: Breno Gusmão, onco-hematologista do Comitê Médico da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) e do hospital A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Fonte: Viva Bem Uol

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