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Hospital Ophir Loyola adota a meditação no tratamento de pacientes neurológicos
Terapias propostas na medicina integrativa beneficiam pacientes assistidos na Neuroclínica da Casa de Saúde da instituição
A Divisão de Terapia Ocupacional do Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém, adota a meditação como aliada no tratamento de pacientes assistidos pela Neurologia Clínica da instituição. Atuando na habilitação e reabilitação mental, social e física dos usuários, profissionais da saúde buscam qualificação em métodos alternativos seguros e eficazes para atender às necessidades de cada usuário.
Desde 2017, o HOL oferece, em parceria com o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, cursos de capacitação no Onco Ensino. A plataforma de educação a distância viabiliza a qualificação de médicos e profissionais da saúde envolvidos no atendimento a pacientes com câncer. Promovidos pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), os treinamentos on-line contam com a tutoria de especialistas de referência em áreas específicas.
Foi a partir da conclusão do curso de Medicina Integrativa no Onco Ensino que a terapeuta ocupacional Gabriela Álvares descobriu formas alternativas de lidar e controlar a ansiedade de pacientes assistidos na Neuroclínica. ‘Comecei a fazer o curso em 2020, e notei que os pacientes estavam muito ansiosos por conta de toda a situação imposta pela Covid-19 naquele período. Encontrei na meditação uma forma de intervir no estresse e na ansiedade. O resultado foi muito positivo, pois eles receberam de braços abertos a proposta’, informou.
Além da mudança na rotina hospitalar, o relaxamento é um benefício recorrente aos adeptos da prática da meditação. ‘As sessões são curtas, mas o bem-estar trazido é reparador. Alguns usuários relaxam tanto, que até dormem. Nesta semana, um paciente que tem medo de agulha estava muito tenso, pois iria fazer uma PL (punção lombar). O procedimento era necessário para que os médicos fechassem o diagnóstico. Contudo, ele resistia. Após exercícios de respiração e meditação, ele permitiu a realização da coleta’, relatou a terapeuta.
‘Olhar para si’ – Gabriela Álvares também é acupunturista, e mantém o interesse em medicinas integrativas. Ela defende que ter mais atenção com a saúde mental representa mais qualidade de vida.
A saúde mental do paciente é importantíssima para o processo de reabilitação. Acompanhei o curso no Onco Ensino, observei experiências desenvolvidas em outras instituições renomadas e concluí que seria relevante trazer a técnica aos pacientes. A meditação é um convite a olhar para si e perceber o que estamos sentindo”, afirmou.
Ainda que nas primeiras práticas haja inquietude, os pensamentos agitados tendem a dar lugar às redescobertas. O processo de orientação e vigilância inclui instruções sobre cada etapa, prática aprovada por pacientes e acompanhantes. ‘Eu descobri a meditação no Ophir, e foi incrível. Hoje pratico a terapia com sessões guiadas. É muito relaxante, acalma a alma’, declarou Patrícia Moura, que auxilia o irmão, internado para tratar encefalite.
Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como medicina integrativa, a meditação figura em protocolos clínicos de diversas especialidades. Instituições de ensino e hospitalares utilizam a técnica milenar como tratamento auxiliar ao controle da hipertensão arterial e diminuição do estresse e da reatividade emocional.
Imaginação – Sessões iniciais de meditação são guiadas e tendem a instigar a criatividade do paciente, fazendo-o imaginar rios, pássaros, praias e outros ambientes que geram contentamento. Diagnosticada com Síndrome de Guillain-Barré, a estudante Jhenifer Brito reconhece a importância da abordagem terapêutica oferecida no HOL. ‘Após a sessão, eu me sinto muito relaxada e até motivada a encontrar um ponto de equilíbrio. Com as meditações eu viajo muito, e até banho de rio eu já tomei’, disse a moradora do município de Castanhal, em tom de brincadeira.
O sonho de ser atriz levou Raissa Machado, natural de Igarapé-Açu (no nordeste paraense) a integrar cursos livres de artes cênicas e danças. Ela foi aprovada também no curso de Teatro da Universidade Federal do Pará (UFPA), mas interrompeu a graduação por sentir fortes dores de cabeça e paralisias, até então inexplicáveis. Em janeiro deste ano, a jovem foi diagnosticada com Neuromielite Óptica (NMO), doença inflamatória autoimune que afeta os nervos ópticos e a medula espinhal, podendo ocasionar cegueira, fraqueza muscular e paralisia dos membros.
‘Com as crises, eu sentia muita dificuldade em me concentrar, mas a meditação sempre me ajudou muito nesses momentos. Eu conheci a prática quando participei de cursos de teatro, e fiquei muito feliz quando soube que faríamos aqui no Ophir, pois sei dos benefícios. A meditação sempre me ajudou a relaxar e viver o momento presente’, afirmou.
Acompanhando a filha Raissa, a dona de casa Vera Lúcia, 51 anos, também aprovou a iniciativa. ‘Eu morei em um convento, e a gente praticava meditação para melhorar a concentração. Lembro que eu tinha muita dificuldade em me manter focada, porém sempre notei que a técnica me acalmava. Hoje pratico para me manter calma no dia a dia’, contou.
Fundado em 1974, o Instituto de Neurologia do Hospital Ophir Loyola atua de forma regular pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. A Divisão de Neurologia Clínica oferta atendimento hospitalar especializado e ambulatorial para as patologias do sistema neurológico. A assistência é garantida por equipes médica e multidisciplinar, que oferecem aos usuários planejamento clínico e tratamento individualizado.
Fonte: Agência Pará