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Menina tem infecção de ouvido e, pouco depois, pais descobrem que ela tinha leucemia
‘Se ela fosse diagnosticada um ou dois dias depois, teria morrido’, diz o pai dela
Carys estava começando a primeira série do ensino fundamental, aos 6 anos, quando foi acometida por uma infecção no ouvido. Os pais, Mark e Laura, a levaram ao médico de família, em Sydney, onde eles vivem, e foram orientados a tratar o problema com antibióticos. Foi o que fizeram.
Porém, depois de três semanas, mesmo com os ciclos de medicação finalizados, a menina começou a piorar. ‘Ela passou a ficar muito pálida e letárgica e a apresentar hematomas com muita facilidade’, disse o pai, em entrevista ao site Kidspot. A família correu com Carys para o hospital e, naquele mesmo dia, em março de 2020, o pesadelo começou.
‘Eles colheram sangue dela e algumas horas depois fomos informados de que ela tinha leucemia’, lembra Laura, a mãe da pequena. ‘Nunca pensamos que poderia ser isso. Ficamos incrédulos, chocados e chateados. Estávamos apenas tentando processar e descobrir quais seriam os próximos passos para que ela melhorasse’, diz ela. Carys foi diagnosticada com leucemia linfoide aguda do tipo B. ‘Os médicos nos disseram que é o tipo mais comum de leucemia infantil e o mais curável, o que nos deu esperança’, afirma Mark. A doença, porém, progrediu muito rápido. ‘Se ela tivesse sido diagnosticada um ou dois dias depois, teria morrido’, acrescenta ele.
A partir da constatação de que ela tinha leucemia, Carys passou por um tratamento intenso e muito sofrido. Foram dois anos de quimioterapia exaustiva – grande parte dela sob condições estritas, que a isolaram de seus amigos e familiares. ‘Ela ficava acamada a maior parte do tempo e muito doente’, diz o pai. ‘Tudo o que podíamos fazer era tentar ajudá-la a ficar mais confortável, mas, por outro lado, nos sentíamos impotentes. Isso faz você perceber o quão cruel é esta doença e é difícil de assistir’, afirma ele.
Em 2021, felizmente, novos exames atestam que Carys estava em remissão, sem nenhum vestígio de câncer em seu corpo. Porém, o alívio da família não durou muito. Ela precisou continuar com o acompanhamento periódico e, em maio do ano passado, um exame de sangue voltou com resultados anormais. O câncer de Carys, agora com 10 anos, tinha voltado, mas, desta vez, na coluna e no cérebro.
Ela recomeçou o tratamento e vieram novos desafios. ‘A quimioterapia não funcionou como da última vez, então, agora, precisou ser muito mais forte, o que é prejudicial para ela’, explica Mark, sobre os sete a oito meses de tratamento que terá pela frente. Agora, eles aguardam e oferecem todo o apoio possível para a pequena conseguir enfrentar mais uma etapa. ‘É ainda mais difícil para ela, mas só esperamos que ela saia disso’, completa Mark.
A leucemia linfoide aguda (LLA) é uma doença que acontece na medula óssea e ataca a produção de glóbulos brancos (leucócitos). Ela aparece quando essas células começam a se multiplicar muito rápido e de forma desordenada. “Numa fase inicial, os sintomas são inespecíficos e comuns, como febre e falta de apetite, que podem ocorrem em várias doenças. Então, é normal que a família e o pediatra não pensem logo de cara em leucemia. Por isso, qualquer sintoma, por menor que seja, precisa ser um sinal de alerta para acompanhar e, se for o caso, fazer outros exames”, explica Cecília Costa, líder do Centro de Referência de Tumores Pediátricos do A.C. Camargo Cancer Center (SP).
O diagnóstico precoce é fundamental para aliviar o tratamento, que é longo, durando cerca de dois anos, e agressivo. Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), as chances de cura são de 80% a 90%. “A LLA é o tipo de câncer mais comum na infância, mas ainda assim é uma doença considerada rara: não são esperados mais do que 9 mil casos por ano. A boa notícia é que, em idade pediátrica, a doença tem uma evolução muito melhor do que em adultos”, diz o oncopediatra Vicente Odone, diretor do ITACI – Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (SP).
O fato de as chances de cura serem altas não diminui as dificuldades do tratamento. Fazer seguidas sessões de quimioterapia, ficar hospitalizado por longos períodos, longe da família e da rotina, não é nada fácil – nem para a criança, nem para os pais. De acordo com a psicóloga Renata Petrilli, coordenadora da área de psicologia do Hospital do GRAACC (SP), é preciso que todos encontrem apoio e enxerguem bons motivos para seguir em frente com o tratamento. “É muito importante encontrar propósitos e motivos para continuar, para ter a certeza de que vale a pena seguir tentando. As equipes de psicologia costumam conversar muito com a criança e a família, para que eles entendam que a doença não é um castigo e que o tratamento é só mais uma etapa até que a criança possa ficar boa de novo”, reforça.
Fonte: Crescer Online