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Queremos a lei do câncer!

Última atualização em 5 de julho de 2021

Conheça a opinião dos pacientes sobre o Estatuto da Pessoa com Câncer, Projeto de Lei que pode garantir mais direitos

A palavra Estatuto, geralmente, diz respeito a uma variedade de normas jurídicas e tem como característica comum regular as relações de um grupo de pessoas que, coletivamente, pertencem a um território ou seguimento social.

Para falar sobre o Estatuto da Pessoa com Câncer (EPCân), entrevistamos seis membros do Comitê de Pacientes da Abrale.

A vida dos pacientes oncológicos é prioridade

Imagem do paciente Lucas Campos
Lucas Campos

O projeto de lei institui como direito fundamental do paciente com câncer a prioridade em filas e atendimentos no geral. Nesse sentido, Lucas Campos, paciente de leucemia mieloide crônica (LMC) explica que “o direito à prioridade é importantíssimo para os pacientes oncológicos. Muitos estão debilitados não só física, como psicologicamente, e a demora os faz gastar mais energia e pode até gerar prejuízos ao tratamento”.  Lucas completa: “Por ser uma pessoa privilegiada, passei pouco por situações que gerassem prejuízo por demora, mas já vi casos de colegas pacientes que foram prejudicados por atrasos, principalmente em processos administrativos e judiciais, para fornecimento de medicamentos, tratamentos e benefícios estatais. Em alguns casos, o Direito só foi garantido após a morte do paciente. Assim, a prioridade é não só uma questão de dignidade, mas de vida”.

 

A lei do câncer pode mudar a sociedade

Imagem da paciente Amada Vieira
Amanda Vieira

Quando questionada sobre a importância do EPCân, Amanda Vieira, paciente de linfoma não-Hodgkin reforça que “a aprovação do Estatuto, além de um conjunto de regras que garantirão melhorias no tratamento e qualidade de vida do paciente, mudará a forma como a sociedade lida com ele.  Ao trazer informações para que a população em geral possa agir de acordo com novas regulamentações, as pessoas passam a enxergar e respeitar necessidades, antes invisíveis a elas, vividas por pessoas com câncer”, ressalta Amanda.

O câncer é um problema de saúde pública e a principal causa de morte em 10% das cidades brasileiras. Nesse sentido, Heitor William, paciente de leucemia mieloide aguda (LMA), acredita que

Imagem do paciente Heitor William
Heitor William

Com a aprovação do estatuto da pessoa com câncer teremos leis que irão nos dar uma voz maior na luta. Um estatuto para a pessoa com câncer que siga seus princípios de zelo pelas suas diretrizes é de um enorme ganho para toda sociedade, não só vista aos pacientes como aos cuidadores. ”

Segundo dados do Ministério da Saúde, só em 2020 tivemos cerca 316.280 novos casos de câncer em mulheres. Heitor questiona: “Até quando iremos esperar que eles [os governantes] notem que continuamos aqui e devemos ter a atenção dentro da sociedade e seus direitos de cuidado, Existe uma grande diferença em precisar e poder. Nós precisamos”.

Os pacientes oncológicos precisam de respeito

O EPCân busca combater a negligência, discriminação e violência contra o paciente com câncer. Esta situação foi vivenciada por Thiago Brasileiro, paciente de LMC. Em seu relato, explicou como lidou com a infeliz situação.

imagem do paciente Thiago Brasileiro
Thiago Brasileiro

Julho de 2016 foi uma decisão. Pedi demissão da empresa onde trabalhava a 6 anos e aceitei um novo desafio. Tudo normal se em março de 2017 não tivesse sido diagnosticado com Leucemia. Temi o preconceito, a discriminação. Sentia a desconfiança, me desdobrava, mas tudo fluía bem; até março de 2020. Com a pandemia, mesmo no ápice de rendimento/produtividade, desagradáveis 3 meses se passaram, e em junho do mesmo ano fui demitido. Sem justificativa, percebi ao longo de duros 90 dias o problema que “eu” era para eles como paciente oncológico em plena pandemia, disse.

Dificuldades enfrentadas pelos pacientes

Imagem da paciente Vanessa Melo
Vanessa Melo

“O paciente oncológico do “interiorzão” deste país é carente de informação, o que demonstra a necessidade de uma atenção especial nas unidades básicas de saúde quanto à prevenção, diagnóstico e cuidados especiais durante o tratamento oncológico”, explica Vanessa Melo, paciente de LMC.

Vanessa alerta que “outro ponto primordial é a garantia do tratamento oncológico dentro do prazo legal. Que ele seja completo e sem interrupção, porque são inúmeros relatos de pacientes com diagnóstico que demoram para iniciar o tratamento, assim como assistimos todos os anos algumas patologias interromperem o tratamento ou fazê-lo de forma incompleta por falta de medicamentos, a exemplo do que ocorreu este ano, com pacientes de linfoma, que ficaram sem duas (dacarbazina e bleomicina) das quatro medicações necessárias”, explica.

 

A mensagem para os parlamentares

A aprovação do EPCân poderá ser transformadora. Felipe Gonsales, paciente de leucemia linfoide aguda (LLA) faz um pedido direto para os Deputados Federais.

Imagem do paciente Felipe Consales
Felipe Gonsales

Senhores, este projeto é de vital importância para os pacientes com câncer, pois visa possibilitar um acesso mais fácil e rápido a diagnósticos e tratamentos, bem como diminuir o preconceito pelo qual muitos de nós passamos no dia a dia em busca de trabalho e condições dignas de vida. Faço um apelo ao coração e à consciência dos senhores para que aprovem esse projeto e ajudem inúmeros pacientes oncológicos no Brasil”.

 

 

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