Entidade foi selecionada para participar como parte da delegação brasileira. A Abrale foi selecionada para…
Abrale reúne especialistas e pacientes para discutir caminhos para avançar no cuidado ao mieloma múltiplo
A Abrale – Associação Brasileira de Câncer do Sangue realizou o evento “Mieloma Múltiplo na Mira”, reunindo especialistas, pesquisadores e pacientes para discutir os desafios do diagnóstico e do tratamento da doença no Brasil. A abertura, conduzida por Luana Lima, gerente de Políticas Públicas e Advocacy, destacou o compromisso da entidade em fortalecer a implementação da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, regulamentada no último ano. Segundo ela, o atraso de mais de uma década na incorporação de terapias modernas para mieloma múltiplo no SUS é um dos principais entraves à qualidade da assistência.
O encontro ganhou emoção com o relato de Edmilson Tadeu Félix Calaça, advogado e paciente, que narrou as dificuldades enfrentadas até obter o diagnóstico e iniciar o tratamento. Ele contou que o encaminhamento na rede pública demorou quase um ano — tempo suficiente para que, quando recebeu o chamado do SUS, já tivesse realizado o transplante por meio do convênio. A experiência evidenciou não apenas a lentidão dos fluxos assistenciais, mas também o impacto físico e emocional da doença e das terapias disponíveis. Edmilson ressaltou a desigualdade entre os tratamentos oferecidos na saúde suplementar e no SUS, destacando que muitos pacientes da rede pública ainda recebem medicações antigas e enfrentam efeitos colaterais severos.

Na sequência, o hematologista Dr. Walter Braga , da UNIFESP, explicou a importância do diagnóstico precoce e alertou que exames simples e de baixo custo, como a eletroforese de proteínas, poderiam antecipar a identificação da doença na maioria dos casos se fossem amplamente utilizados na atenção primária. Ele detalhou o descompasso entre as terapias recomendadas internacionalmente e o que é oferecido na rede pública. Enquanto o setor privado já utiliza combinações terapêuticas modernas e anticorpos monoclonais, o SUS segue restrito a protocolos defasados, com poucas opções para pacientes em recaída. O especialista também falou sobre pesquisas em andamento, incluindo anticorpos biespecíficos, e comentou o uso ainda limitado da terapia celular CAR-T no país, marcada por alto custo e desafios de autorização.
O evento reforçou a urgência em aprimorar os fluxos assistenciais, ampliar o acesso a exames diagnósticos, incorporar novas tecnologias e fortalecer os centros de transplante de medula óssea. A Abrale seguirá atuando junto a gestores, sociedade civil e especialistas para garantir que pessoas com mieloma múltiplo tenham acesso oportuno ao cuidado adequado e às terapias que podem mudar seus desfechos.
Por Políticas Públicas e Advocacy Abrale

