No dia 18 de março, o time de Políticas Públicas e Advocacy da Abrale esteve…
Incorporação de Novos Medicamentos no SUS é Vitória para Pacientes Oncológicos e Transplantados
Em Fevereiro, foram aprovadas três tecnologias essenciais para o tratamento de pacientes com cânceres e doenças hematológicas no Sistema Único de Saúde (SUS).
O ganciclovir intravenoso e o valganciclovir oral foram incorporados para profilaxia e terapia preemptiva da infecção e da doença por citomegalovírus (CMV), além do tratamento da doença por CMV em pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos (TOS) e transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH). Esses medicamentos são fundamentais para o manejo das infecções que podem acometer pacientes transplantados. Além disso, a aprovação do maribavir para o tratamento de CMV refratário, com ou sem resistência, em pacientes adultos pós-transplante representa também, um avanço significativo no controle dessas infecções.
A incorporação desses medicamentos ao SUS é um passo importante na jornada dos pacientes transplantados, contribuindo diretamente para a prevenção de óbitos causados por infecções. Segundo dados apresentados no 11º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, durante o painel “TMO pelo Brasil”, a infecção é uma das principais causas de mortalidade entre pacientes submetidos ao transplante de medula óssea (TMO), especialmente no Brasil, onde as taxas são significativamente mais altas do que nos Estados Unidos.
No caso do TMO alogênico, entre pacientes adultos (>18 anos), 48% dos óbitos nos primeiros 100 dias no Brasil foram causados por infecção, enquanto nos EUA esse índice foi de 25%. Após 100 dias, a infecção ainda responde por 34% das mortes no Brasil, contra 15% nos EUA. Entre pacientes pediátricos (<18 anos), a taxa de óbito por infecção nos primeiros 100 dias foi de 34% no Brasil, também superior aos 23% registrados nos EUA. Após esse período, a infecção ainda representa 19% das mortes no Brasil, enquanto nos EUA o índice é de 13%.
No caso do TMO autólogo, o cenário se repete. Entre adultos, 47% dos óbitos nos primeiros 100 dias no Brasil foram atribuídos à infecção, um percentual muito maior do que os 25% registrados nos EUA. Após 100 dias, a taxa brasileira cai para 18%, mas segue superior aos 8% observados nos EUA. Já entre pacientes pediátricos, 50% das mortes no Brasil nos primeiros 100 dias foram causadas por infecção, enquanto nos EUA esse número foi de 17%. Após 100 dias, não há registros de óbitos por infecção no Brasil, enquanto nos EUA a taxa é de 3%.
Esses dados evidenciam que os pacientes brasileiros, sejam adultos ou pediátricos, enfrentam um risco muito maior de morte por infecção após o transplante, independentemente do tipo de TMO. Portanto, a aprovação de medicamentos que reduzam o impacto dessas infecções e garantam uma recuperação adequada aos pacientes é uma medida urgente e necessária.
A Abrale agradece as contribuições de todos os envolvidos nesse processo e reafirma seu compromisso de continuar trabalhando para garantir os direitos dos pacientes, assegurando condições dignas de cuidado e tratamento.
Referências:
CENTER FOR INTERNATIONAL BLOOD AND MARROW TRANSPLANT RESEARCH (CIBMTR). Dados sobre causas de óbito pós-TMO. Disponível em: https://cibmtr.org.
ASSOCIAÇÃO DA MEDULA ÓSSEA (AMEO). Mapa do Transplante. Disponível em: https://ameo.org.br/mapa-do-transplante-de-medula-ossea.
Fonte: Políticas Públicas e Advocacy ABRALE