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O Linfoma Não Hodgkin (LNH) em crianças e adolescentes
Cerca de 60% dos casos de linfoma em crianças e adolescentes são de Linfoma Não Hodgkin (LNH) e as chances de cura vão de 60% e 90%, a depender das características clínicas de cada paciente.
O que é Linfoma Não Hodgkin?
O Linfoma Não Hodgkin (LNH) surge quando os linfócitos que moram no sistema linfático, e que deveriam nos proteger contra as bactérias, vírus, dentre outros perigos, se transformam em malignos, crescendo de forma descontrolada e “contaminando” o sistema linfático.
Quais são os tipos de LNH em crianças e adolescentes?
São vários os tipos de LNH, que podem surgir em diferentes partes do corpo. Isto ocorre devido a quantidade de linfócitos normais em nosso organismo (os linfócitos B, T e NK), que desempenham papeis diferentes no organismo, em especial o de combater infecções. No Linfoma Não Hodgkin, as células mais afetadas são as do tipo B e as do tipo T.
Entenda os estágios do Linfoma Não Hodgkin:
O Linfoma Não Hodgkin é classificado em estágios (ou seja, pela quantidade de doença no corpo). São eles estágios:
- I – quando apenas um grupo dos linfonodos foi acometido, ou um único órgão foi atingido
- II – quando dois ou mais grupos de linfonodos se agruparam do mesmo lado do diafragma
- III – quando os grupos de linfonodos comprometidos estão em posições diferentes (acima e abaixo) do diafragma
- IV – quando estão envolvidos linfonodos e outros órgãos (como pulmões, fígado, ossos) e/ou medula óssea.
Os Linfomas Não Hodgkin em crianças geralmente são de três tipos principais
Linfoma Linfoblástico
É responsável por cerca de 25% a 30% dos linfomas em crianças e adolescentes. A incidência em meninos é duas vezes maior do que em meninas, mas ainda não se sabe o porquê.
A maioria dos casos se desenvolve a partir das células T, e pode crescer rapidamente. Como ele se inicia na região torácica (mediastino), a criança pode ter dificuldade para respirar.
Linfoma de Burkitt
Representa cerca de 40% dos linfomas em crianças, e é mais frequente em meninos entre 5 e 10 anos de idade. Ele quase sempre se inicia no abdome, o que causa dor de barriga, náuseas e vômitos, mas também pode surgir no pescoço. Como seu crescimento é rápido, é muito importante dar início ao tratamento o quanto antes.
Linfoma de Grandes Células
Este tipo pode crescer em qualquer parte do corpo. Eles costumam ser mais comuns em adolescentes. São dois os seus principais subtipos:
1. Linfoma de Grandes Células Anaplásicas
representa cerca de 10% de todos os LNH em crianças, e geralmente podem se iniciar na pele, pulmões, ossos, sistema digestivo ou outros órgãos.
2. Linfoma Difuso de Grandes Células B
Este linfoma representa 15% dos linfomas em criança, e geralmente começa como uma massa de crescimento rápido em locais como a região torácica (mediastino), abdome, pescoço e ossos.
Os principais sinais de Linfoma Não Hodgkin em crianças são:
- Aumento dos gânglios linfáticos sem dor (carocinhos, que geralmente aparecem na região do pescoço, virilha e axila);
- Febre e fadiga;
- Suor noturno;
- Perda repentina de peso;
- Aumento do volume no tórax e abdome;
- Tosse, falta de ar e dor na região do tórax;
- Aumento do baço (também chamado de esplenomegalia).
IMPORTANTE! Fique sempre atento a qualquer mudança física e de comportamento que a criança e o adolescente podem apresentar. Quanto antes o LNH for descoberto, melhor. O diagnóstico precoce faz toda a diferença na conquista dos melhores resultados durante o tratamento.
Quais exames são utilizados para se fazer o diagnóstico do Linfoma Não Hodgkin em crianças e adolescentes?
Se o paciente apresentar o aumento dos gânglios (“íngua” carocinhos), o médico fará um exame físico para avaliar a região. Mas é importante saber que o aumento dos gânglios pode acontecer em locais imperceptíveis, como na região do abdome e peito.
Mas para confirmar o linfoma, é necessária uma apuração mais aguçada.
Exames de imagens
Exames de imagens costumam ser solicitados para determinar a extensão da doença, quais órgãos e partes do corpo foram atingidos. São eles:
- Tomografia computadorizada: o equipamento possui uma mesa em que o paciente fica deitado para a realização do exame, e por meio de raio x, pequenas fatias de regiões do corpo são avaliadas.
- Ressonância magnética: este método utiliza ondas eletromagnéticas para a formação das imagens e permite uma avaliação dos órgãos internos de uma maneira mais abrangente.
- PET Scan: ele mede variações nos processos bioquímicos, e ajuda a mostrar se um gânglio linfático aumentado contém linfoma ou se é uma alteração benigna. Este exame também pode identificar se pequenas áreas do corpo contém a doença e até se o linfoma está respondendo ao tratamento.
Para realizar o PET Scan, o paciente recebe uma injeção de glicose ligada a um elemento radioativo, e ao se submeter a uma tomografia computadorizada, os sinais da radiação emitidos pelo elemento radioativo poderão determinar qual a região em que a glicose está metabolizada em excesso.
Biópsia
Encontrados os gânglios, nódulos aumentados ou órgãos acometidos, será necessário realizar uma biópsia, ou seja, será removida uma amostra do tumor para análise.
Caso seja constatado o linfoma, é nessa fase que começam os testes de citogenética e imuno-histoquímica nas células, que por meio de uma pequena amostra do tumor, irão classificar o tipo do linfoma e seu estadiamento.
É possível que o médico peça uma biópsia da medula óssea (por meio de uma agulha, é removido um pequeno fragmento do osso na região lombar), que mostrará se a medula também foi afetada pelo linfoma.
Hemograma Completo
O hemograma (exame de sangue) irá monitorar as contagens das células sanguíneas ao diagnóstico e durante o tratamento.
**Todos estes exames estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). A Abrale oferece gratuitamente Apoio Jurídico a todos os pacientes do Brasil. Se você está enfrentando alguma dificuldade em seu tratamento, não hesite em nos contatar!
Converse com o médico a respeito dos exames e procure tirar todas as suas dúvidas: como são feitos os procedimentos, se há algum risco, em quanto tempo saberá o resultado e o que mais quiser saber. É muito importante se sentir seguro!
Quais os Tratamentos do Linfoma Não Hodgkin estão disponíveis para crianças e adolescentes?
A medicina tem avançado bastante nos tratamentos de linfoma Não Hodgkin e as chances de cura são, em média, de 60 a 90%. Mas é muito importante que a doença seja descoberta logo no início!
Os tratamentos existentes para o linfoma Não Hodgkin são: Quimioterapia, Imunoterapia, Radioterapia e Transplante de medula óssea
Quimioterapia em crianças e adolescentes com Linfoma Não Hodgkin
Cada caso é avaliado individualmente, mas este é um dos tratamentos mais comuns. Medicamentos extremamente potentes no combate ao câncer são utilizados com o objetivo de destruir, controlar ou inibir o crescimento das células doentes.
Os principais medicamentos utilizados na Quimioterapia de crianças com Linfoma Não Hodgkin são:
- Corticoide
- Vincristina
- Antraciclina
- L-Asparaginase
- Quimioterapia intratecal em alguns casos
- Ciclofosfamida
- Citarabina
- Mercaptopurina
- Methotrexate
- Etoposide
- Ifosfamida
Ela pode ser oral ou aplicada direto no sangue, por meio de um cateter. Também pode ser intratecal, quando há a necessidade de fazer com que o tratamento do linfoma chegue ao sistema nervoso central, diretamente por meio do líquido espinhal.
Sua administração é feita em ciclos, com um período de tratamento, seguido por um período de descanso, para permitir ao corpo um momento de recuperação.
Efeitos Colaterais da Quimioterapia no Tratamento de crianças e adolescentes com Linfoma Não Hodgkin
Alguns efeitos colaterais podem surgir, como enjoo, diarreia, obstipação, alteração no paladar, boca seca, feridas na boca e dificuldade para engolir. Mas saiba que existem medicamentos para amenizá-los. A nutrição é uma importante aliada na melhora de cada um deles, e por isso a Abrale fez uma seleção de alimentos que vão te ajudar bastante neste momento.
Porque a Quimioterapia causa a queda de cabelo em crianças e adolescentes
A queda de cabelo costuma acontecer, pois a quimioterapia atinge as células malignas e também as saudáveis, em especial as que se multiplicam com mais rapidez, como os folículos pilosos, responsáveis pelo crescimento dos cabelos. Nessa fase, busque por alternativas como lenços, bonés, chapéus ou perucas, caso se sinta mais à vontade.
Porque as crianças ficam vulneráveis às infecções durante a Quimioterapia?
A imunidade baixa, comum a esta fase do tratamento, pode facilitar o surgimento das infecções. A febre é o aviso de que um processo infeccioso está começando, então fique atento e avise o médico imediatamente. Se for necessário, medicamentos serão administrados.
FIQUE ATENTO À HIGIENE E EVITE A INFECÇÃO! pequenos cuidados, como lavar as mãos das crianças com frequência, podem evitar que essas temidas infecções apareçam.
Imunoterapia em crianças com Linfoma Não Hodgkin
As células cancerígenas são muito espertas e, por crescerem de forma rápida e descontrolada, podem enganar o sistema imunológico, para que ele não as veja como uma ameaça ao desligar a resposta imune ou parar as funções imunológicas que poderiam destruí-las. Com isso, a imunoterapia faz com que o próprio sistema imunológico reconheça as células doentes e as ataque.
Aqui, os medicamentos ajudam o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células com câncer. Eles são aplicados via intravenosa.
Efeitos Colaterais da Imunoterapia no Tratamento de crianças e adolescentes com Linfoma Não Hodgkin
Ao serem submetidas à imunoterapia, as crianças podem apresentar efeitos colaterais como prurido, calafrios, febre, náuseas, erupções cutâneas, fadiga e dores de cabeça.
O Rituximabe, que pode ser administrado junto com a quimioterapia e radioterapia é um dos principais anticorpos monoclonais utilizados.
Este medicamento tem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é distribuído gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para alguns tipos de linfoma, mas ainda não tem indicação em bula para as crianças e adolescentes.
A Abrale oferece gratuitamente Apoio Jurídico a todos os pacientes do Brasil. Se você está enfrentando alguma dificuldade em seu tratamento, não hesite em nos contatar!
Radioterapia em crianças com Linfoma Não Hodgkin
É usada em raros casos, e geralmente junto à quimioterapia. Por meio de radiações ionizantes, ela destrói ou inibe o crescimento das células anormais que formam um tumor.
Os efeitos colaterais da Radioterapia em crianças com Linfoma Não Hodgkin são em geral problemas de pele, como ressecamento, coceira, bolhas ou descamação.
Transplante de células-tronco em crianças com Linfoma Não Hodgkin
Também chamado de transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) é uma importante alternativa. Mas só é indicado quando o paciente não responde aos tratamentos iniciais. Se a medula não foi afetada, o transplante autólogo será realizado (a medula utilizada é a do próprio paciente). Se este órgão estiver acometido pelo linfoma, será necessário encontrar um doador 100% compatível.