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A América Latina enfrenta vários desafios em sua luta contra o câncer
Os países da região têm necessidades não atendidas de cuidados de saúde e serviços sociais básicos insatisfatório
MÉXICO – As economias latino-americanas enfrentam múltiplos desafios financeiros, necessidades não atendidas de cuidados de saúde e serviços sociais básicos insatisfatórios na luta contra o câncer, que foram agravados pela fragmentação dos sistemas de saúde e a crise causada pela pandemia de covid-19.
As conclusões são do médico José Ruales, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) em El Salvador. Nesta terça-feira, 10, ele comentou sobre o relatório “Preparação para a abordagem do câncer na América Latina”, feito pela e patrocinado pela Roche.
“O desafio continua crescendo com os riscos para os sistemas de saúde, pois requer uma resposta bem planejada”, disse em entrevista coletiva no Equador.
O especialista explica que se espera um crescimento significativo do câncer na região, que passará de 1,4 milhão de novos casos em 2018 para dois milhões em 2030, enquanto as mortes anuais relacionadas passarão de 670 mil para 980 mil no mesmo período.
O relatório, que inclui 12 países representando 92% da incidência de câncer na região, avalia a capacidade de enfrentamento da doença, explicou Ruales.
O estudo comparou parâmetros que permitem compreender o desempenho de cada país no controle do câncer, desde políticas e planejamento de serviços de saúde até sistemas de saúde e governança, e estas recebem uma pontuação de um a cem.
Em média, a pontuação dos países da região levando em consideração esses aspectos foi de 65,5 pontos, sendo os países mais bem avaliados Brasil, Colômbia, Chile e Uruguai, enquanto os piores foram Bolívia, Paraguai e Equador.
Uma região de constrastes
O relatório também destaca os grandes contrastes que existem na América Latina, considerada a região mais desigual do mundo e com uma população muito diversificada. Só a expectativa de vida varia entre 69 e 80 anos, enquanto o PIB per capita varia de US$ 3 mil na Bolívia a US$ 14 mil no Chile.
Da mesma forma, os tipos e incidências de câncer variam entre as nações e até mesmo internamente, embora o câncer de pulmão continue sendo o mais comum em toda a região. Além disso, os fatores de risco também costumam ser muito diferentes, assim como o acesso à detecção e diagnóstico precoce.
O representante da OPAS/OMS disse que ainda existe um problema ao nível do número de oncologistas, “que não é proporcional ao aumento dos casos”. As lacunas que existem no acesso a esses profissionais continuam presentes porque eles estão mais concentradas nas cidades do que nas zonas rurais.
Altos custos
Ruales explicou que um dos problemas do câncer na região é o aumento dos custos, que continuam subindo devido ao acréscimo no número de casos. “A guerra contra o câncer não será fácil se não houver um grande esforço para entender as necessidades econômicas”, disse ele.
Além disso, devido à crise econômica que a covid-19 representará, é necessário desenvolver estratégias “com recursos para poder executar as políticas”.
Um aspecto positivo levantado pelo médico é a criação de planos nacionais de controle do câncer na maioria dos países da região, menos na Bolívia, mas as nações continuam tendo sérios problemas para implementá-los.
Ele considerou urgente a necessidade de haver registros sólidos sobre o câncer, pois há dados incompletos que não ajudam a gerar políticas públicas para o cuidado dessa doença. Também são necessários um compromisso com a prevenção e recursos adequados para apoiar o combate ao câncer./EFE