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Alternativas para o tratamento da púrpura

Imagine que você, escovando os dentes, note um ligeiro sangramento na gengiva. Nada que cause preocupação. Entretanto, você também começa a perceber que qualquer pancada ou esbarrão leves deixam uma marca roxa no corpo. Além disso, surgem manchas avermelhadas e arroxeadas sem nenhum trauma aparente. 

Os sinais acima podem ser sintomas de púrpura trombocitopênica imunológica crônica (PTI), conhecida simplesmente como púrpura, uma doença que apesar de não ser muito comum, acomete 19 mil brasileiros, em sua grande maioria mulheres (73%), segundo a Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia).

A púrpura é uma doença hematológica — não tem nenhuma relação com câncer — e atinge crianças e adultos de formas diferentes, assumindo características bem distintas nos dois grupos.

Segundo o hematologista Phillip Scheinberg, que faz parte do corpo clínico do centro oncológico Antônio Ermírio de Moraes, em São Paulo, a enfermidade nas crianças costuma “desaparecer” depois de um certo período, entrando em remissão completa (cerca de 90% voltam a apresentar nível de plaquetas normal), por isso é chamada de PTI aguda.

“No adulto, a tendência é a doença cronificar e causar diminuição no número de plaquetas para o resto da vida”, explica o hematologista.

A doença não afeta seriamente a qualidade de vida do paciente. As restrições são mais em relação à prática de atividades físicas de alto impacto e que possam ocasionar algum tipo de trauma, como futebol, basquete, rúgbi, trilhas, etc. Normalmente, é necessário o uso de medicamentos por período indeterminado de tempo.

Entenda a doença

Os sangramentos, sinais característicos da púrpura, ocorrem quando há uma diminuição no número de plaquetas – células responsáveis pela coagulação do sangue.

A queda acontece por conta de uma deficiência na produção dessas células e por uma falha no sistema imunológico do organismo, que ataca as próprias plaquetas por reconhecê-las como um “corpo estranho”.

“O nível normal de plaquetas é de 150 mil a 400 mil/mm3. Mas, por algum motivo, há indivíduos que naturalmente possuem entre 30 mil e 40 mil plaquetas, sem que isso esteja associado a alguma doença ou cause sintomas. Agora, quando os níveis de plaquetas estão abaixo de 20 mil, aí sim, é preciso investigar”, revela Scheinberg.

O médico explica que a causa da púrpura não está muita clara, assim como na grande maioria das doenças autoimunes.

“A gente sabe o que acontece com o corpo do paciente, mas não entendemos por que a doença começa. Nas crianças, por exemplo, normalmente há uma infecção associada”, conclui.

O diagnóstico é feito por exclusão. Em geral, quando os sintomas não são tão evidentes, o paciente não procura o hematologista e só percebe que seus níveis de plaqueta estão baixos quando o ginecologista ou um clínico pede um hemograma (exame de sangue).

“Primeiro, procuramos uma causa secundária, verificamos se o paciente toma alguma medicação que esteja causando a queda de plaquetas, se tem alguma doença ou infecção, e vamos por exclusão”, explica o médico.

Tratamento

A PTI atualmente possui um leque variado de alternativas terapêuticas. A dra. Ana Clara Kneese Nascimento, hematologista e médica assistente da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, diz que o tratamento convencional (primeira linha) da doença é feito com o uso de corticoides. “São as medicações que nos oferecem uma alta taxa de resposta em um espaço curto de tempo.”

“Existem ainda outras drogas que podem ser associadas aos corticoides, como os agonistas dos receptores de trombopoietina, que ajudam a estimular a produção de novas plaquetas”, completa a hematologista.

Outra modalidade de tratamento é a retirada do baço. Como grande parte da produção de autoanticorpos e da destruição das plaquetas ocorre nesse órgão, em algumas situações sua remoção cirúrgica (esplenectomia) pode ser indicada.

Para quem não responde a nenhuma dessas terapias, a Anvisa liberou no Brasil desde 2014 a droga romiplostim (que faz parte de uma classe de medicamentos chamados biológicos), que aumenta as contagens de plaquetas em pacientes com PTI crônica ao “imitar” a trombopoietina, um hormônio que regula a produção de plaquetas. “Na verdade, o que ela faz é estimular a medula óssea a produzir mais plaquetas”, explica Phillip Scheinberg.

O uso desse medicamento em pacientes com PTI foi destaque no último congresso da ASH (Sociedade Americana de Hematologia), que ocorreu em dezembro do ano passado, em Orlando, nos Estados Unidos, onde foi apresentado mais um estudo complementar sobre a eficácia da droga.

Fonte: Dr. Dráuzio Varella

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