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Brasileiro é otimista com ciência, mas vê país ser ultrapassado na área
Pesquisa aponta que brasileiros superam a média dos outros países quando se fala da importância da ciência para a sociedade, mas ainda acham que serão “deixados para trás” por outros países
Foto por Shutterstock
Otimista, a maioria dos brasileiros acredita que verá avanços científicos relevantes em vida, mas avalia que o país está ficando para trás no desenvolvimento da ciência. É o que aponta o Índice Anual do Estado da Ciência (State of Science Index), pesquisa encomendada pela empresa norte-americana 3M.
Pouco mais de três quartos dos entrevistados no Brasil (76%) afirmaram que têm a expectativa de ver cura do câncer – indicador acima da média mundial (67%). E mais da metade (51%) acha que em algum momento vai ver carros voadores circulando nas cidades – indicador que coincide com a média mundial.
Quando confrontados com a pergunta “o que você sente quando ouve a palavra ciência?”, 94% dos brasileiros escolhem o termo “esperançoso”.
A pesquisa foi realizada pela francesa Ipsos em 14 países – sendo Brasil e México os representantes da América Latina – e ouviu 14.036 adultos entre junho e agosto do ano passado.
83% dos brasileiros afirmaram que a ciência é muito importante para a sociedade, e 72% dizem que ela é muito importante para a vida cotidiana – valores superiores à média mundial: 63% e 46% respectivamente.
O estudo também mostra preocupação dos brasileiros quanto ao protagonismo do país nas inovações: 74% acreditam que o Brasil está sendo ultrapassado por outros países quando se trata de avanços científicos e 84% acreditam que outras nações dão mais valor à ciência do que o Brasil.
Desenvolvidos x em desenvolvimento
A pesquisa mostrou que as nações em desenvolvimento tendem a confiar mais na ciência. China e Brasil, com 61% e 60% respectivamente, estão à frente de países como Estados Unidos e Canadá, onde 57% e 56% das pessoas responderam que confiam na ciência.
“Ficou bem claro que nos países em desenvolvimento a ciência tem um peso maior, as pessoas enxergam um papel mais importante. Podemos racionalizar esses resultados levando em conta que houve muitos avanços científicos nesses países, então a ciência resolveu muitos problemas das pessoas e elas notaram isso”, disse ao UOL Jaydeen Seth, que coordenou a pesquisa.
Um recorte etário mostra também que os entrevistados entre 18 e 34 anos são consideravelmente mais otimistas em relação a avanços científicos. Sobre a possibilidade de os terráqueos um dia colonizarem Marte, por exemplo, 45% dos jovens de até 34 anos acreditam que vão ver isso em vida, enquanto 75% dos entrevistados com mais de 51 anos não acham que viverão para ver tal façanha.
Para Seth, alguns fatores explicam esses números, como o fato de muitos pais incentivarem os filhos a gostarem de ciência. “Percebemos uma tendência global de que os pais estão se dedicando mais a ensinar ciência a seus filhos, e mais, querem que eles sigam carreira como cientistas”, diz.
Barreira nº 1
Quando questionados sobre qual, entre as alternativas, seria a principal barreira para a evolução científica, 34% dos entrevistados responderam “investimento ou financiamento inadequado para pesquisa científica”. Em segundo lugar, 27% responderam “falta de interesse em ciência”.
No Brasil, segundo a Agência Lupa, houve uma redução de 21,25% do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações nos últimos dois anos.
“Temos plena convicção de que a ciência vai ser muito importante no futuro, principalmente levando em consideração que em 2020 teremos mais de 9 bilhões de pessoas habitando o planeta. São 2 bilhões de pessoas a mais, e vários desafios terão de ser resolvidos pela ciência, então temos de colocar mais atenção nisso”, diz Seth.
Fonte: Site | UOL