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Cresce o número de pessoas com planos de saúde que recorrem ao SUS
Pesquisa mostra ainda 96% estão insatisfeitas com empresas prestadoras de serviço
Foto: Carla Carniel/Destak
Uma pesquisa realizada em todo o estado mostra que, nos últimos cinco anos, cresceu o número de pessoas que recorrem ao SUS ou a médicos particulares mesmo pagando plano de saúde. Segundo levantamento do Insituto Datafolha, de 2012 para cá, o índice subiu de 15% para 19%.
A pesquisa realizada sob encomenda da APM (Associação Paulista de Medicina) ouviu pessoas que possuem plano ou seguro saúde como titulares ou dependentes e utilizaram algum serviço nos últimos 24 meses.
O resultado é que cerca de 96% dos usuários dizem ter enfrentado problemas na utilização do serviço nos últimos meses e 66% acreditam que as empresas dificultam a realização de exames e procedimentos de alto custo. Além disso, 59% afirmam que as regras dos contratos não são cumpridas.
Segundo Marun David Cury, diretor de defesa profissional da APM, isso só ocorre por causa da negligência dos órgãos responsáveis pela fiscalização.
“Isso é uma falha grotesca na ANS (Agência Nacional de Saúde), criada exatamente para regulamentar e fiscalizar a área de saúde suplementar. Só que ela só fiscaliza mediante denúncia e nem sempre o usuário tem expertise para fazê-la. Por conta disso, ele procura alternativa no SUS ou pagando particular. Ou seja: paga imposto, contrata um plano de saúde e ainda tem que pagar uma terceira vez para ser atendido com qualidade”, diz Marun ao Destak.
A pesquisa mostra, no entanto, que apenas 4% dos usuários que se sentem lesados recorrem a Justiça em busca de solução para o imbróglio. Desde 2012, quando foi realizado o mesmo levantamento, reclamações cresceram em todos os serviços, entre eles exames, consultas e pronto atendimento. A maior reclamação é em relação aos locais de espera, que na maioria das vezes estão lotados. Cerca de 11,2 milhões utilizam a rede suplementar de saúde no estado.
“É uma distorção gravíssima na saúde do país. É perceptível o cerceamento a que o usuário faça uso do que ele paga e do que é direito”, afirma Marun.
Para a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), a pesquisa reflete mais a existência de dúvidas dos consumidores em relação às operadoras de planos de saúde do que propriamente queixas sobre o serviço ofertado.
“A própria pesquisa mostra que quase 80% dos beneficiários não fizeram reclamações sobre os planos de saúde e que 96% dos consumidores não acionaram a Justiça. Quando a pesquisa reporta que 96% dos beneficiários tiveram algum problema junto aos planos de saúde, a demanda não necessariamente é um problema de fato”, diz em nota.
Já a ANS afirma que adotou diversas medidas para promover a melhoria da qualidade do atendimento prestado pelas operadoras de planos de saúde aos seus beneficiários, entre elas, a definição de prazos máximos para a realização de consultas, exames e cirurgias, a obrigatoriedade do fornecimento de informações sobre a cobertura assistencial e a obrigatoriedade da disponibilização de canais de atendimento pelas operadoras.
Sobre a utilização dos serviços públicos de saúde por beneficiários de planos, a ANS informa que cobra das operadoras sempre que o serviço prestado tem cobertura pelo plano.
“Só no primeiro semestre, foram arrecadados R$ 358 milhões referentes ao ressarcimento, valor que já alcança 61,07% do total repassado ao longo de todo o ano passado, período que registrou valor recorde de repasse ao Fundo Nacional de Saúde desde a criação da ANS. Em 2017, a ANS repassou ao SUS R$ 585,41 milhões, e representa um aumento de mais de 85% em comparação ao montante arrecadado em 2016 (R$ 315,54 milhões)”, diz a nota.
Fonte: Site | Jornal Destak.