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Estudo que apontou propriedade anticancerígena da graviola é de 1995 e não fez teste em humanos

Vídeo engana ao afirmar que fruta é ’10 mil vezes’ mais eficaz que quimioterapia

O que estão compartilhando: que um estudo da Universidade de Purdue provou que o chá da folha de graviola é 10.000 vezes mais eficaz do que a quimioterapia.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A pesquisa em questão foi publicada em 1995. Os resultados foram obtidos em laboratório e não foram reproduzidos em humanos. Especialistas alertam que não existem receitas milagrosas contra o câncer.

Saiba mais: o trabalho de 1995 apontou que um composto da graviola, cis-annonacin, inibiu a proliferação de células de câncer de colón alcançando um efeito 10.000 vezes mais potente do que a doxorrubicina – medicamento usado no tratamento oncológico. Porém, o estudo foi realizado a partir de amostras in vitro, ou seja, fora de um organismo vivo, em laboratório. O mesmo resultado não foi testado em pacientes de câncer.

Em nota, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) afirma que o estudo, lançado há quase 30 anos, não poderia ser usado em um debate científico. ‘A publicação é da década de 90, portanto com quase 30 anos, e não apresentou evidências desde então’, informa. ‘É importante reafirmar que não há alimentos milagrosos contra o câncer’, acrescenta o Instituto.

A nutróloga Marcella Garcez, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), reitera que não existem provas suficientes da eficiência da graviola contra o câncer. Marcella, que também é professora e responsável pelo Departamento de Fitoterápicos e Nutracêuticos da Abran, explica que a graviola é uma fruta com propriedades antioxidantes, mas que não pode ser um substituto para o tratamento convencional contra o câncer.

‘Esse tipo de vídeo viral é algo totalmente irresponsável. Aquela pessoa que tem aquela dor, que acabou de receber um diagnóstico de um câncer e tem indicação de fazer um tratamento quimioterápico, às vezes ela perde a oportunidade da cura de uma doença, que ainda estaria num estágio de cura, porque foi atrás dessas dessas possibilidades terapêuticas milagrosas’, lamenta.

Se existem estudos, por que não pode ser usado como medicamento?

As pesquisas realizadas até o momento sobre as possíveis ações da graviola contra o câncer não foram acompanhadas ou aprovadas pela Federal Drug Administration (FDA), a agência reguladora de alimentos e fármacos dos Estados Unidos, tampouco pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA). É o que aponta um artigo publicado em 2022 na revista científica Cancers.

Marcella Garcez acrescenta que as pesquisas ainda não apresentaram resultados concretos em pacientes de câncer. A especialista destaca que os estudos são observacionais, um tipo de análise com metodologia menos rigorosa e evidências menos confiáveis que os ensaios clínicos, em que são feitos testes com humanos. ‘O único jeito de lançar no mercado como medicamento fitoterápico é ter estudo clínico com humanos’, diz.

O uso de chás sem recomendação médica pode atrapalhar o tratamento convencional e causar danos à saúde do paciente, segundo a nutróloga. ‘A pessoa que eventualmente toma um chá de graviola, seja por caráter preventivo ou até mesmo terapêutico, deve consultar o seu médico de confiança para tomar. E nunca, jamais, substituir um tratamento convencional para uma doença neoplasia (que provoca o crescimento de tumores). Hoje em dia cada vez mais o tratamento (quimioterápico) está mais assertivo, mais efetivo’, avalia Marcella.

O Inca aponta que os principais tratamentos oncológicos são a quimioterapia, radioterapia, cirurgia e transplante de medula óssea.

Como lidar com postagens assim: não compartilhe receitas que prometem cura milagrosa de doenças. A graviola é constantemente apontada como uma receita contra o câncer. O Estadão Verifica já mostrou, por exemplo, que é falso que o chá da casca da árvore da graviola trate e cure câncer. Em 2018, o Inca publicou uma cartilha alertando sobre o mito de dietas e alimentos milagrosos durante o tratamento da doença. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) também possui um guia para prevenção e controle do câncer no País.

Fonte: Estadão

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