No dia 6 de novembro aconteceu, no Rio de Janeiro, a nona edição do Fórum…
Os três avanços de 2016 no combate ao câncer
Oncologista mapeia as principais notícias do ano na batalha contra os tumores. Elas estão mexendo pra valer com a vida dos pacientes
Imunoterapia é um dos novos destaques no tratamento do câncer (Ilustração: Cassio Bittencourt)
Por Dr. Vladmir Cordeiro de Lima*
1) Medicamentos despertam nossas defesas contra a doença
Para que o câncer se desenvolva, as células do tumor têm de adquirir características que as permitam escapar do sistema de defesa do organismo. Os inibidores de checkpoint imune são medicações que bloqueiam esses mecanismos empregados pelo tumor para driblar a imunidade.
Assim, permitem que o próprio sistema imunológico volte a ser capaz de atacar o tumor, às vezes induzindo respostas mais duradouras e com menor toxicidade quando comparadas à quimioterapia. Hoje, drogas dessa classe estão aprovadas (pelo menos nos Estados Unidos e na Europa) para várias indicações, como melanoma, câncer de pulmão, linfoma de Hodgkin, tumores de cabeça e pescoço e cânceres de bexiga. Várias novas indicações e possíveis combinações com outros medicamentos estão sendo investigadas.
2) A terapia celular adotiva
As CAR T cells, um tipo de imunoterapia conhecido como terapia celular adotiva, se vale da seguinte estratégia: linfócitos (células de defesa) do próprio paciente são retirados do sangue, modificados em laboratório de forma que se tornem capazes de reconhecer e destruir de modo mais efetivo o tumor, e devolvidos para o paciente.
O uso dessas células transformadas têm mostrado resultados impressionantes no tratamento de leucemias e linfomas refratários às terapias convencionais, com respostas mais duradouras. O desafio envolve a produção dos linfócitos modificados em larga escala — hoje a tecnologia está restrita a poucos centros no mundo —, o manejo dos efeitos colaterais e o fato de ainda não ser aplicável a todo tipo de tumor.
3) A biópsia líquida
O emprego de técnicas de biologia molecular já permite usar amostras de plasma sanguíneo do paciente para identificar alterações genéticas presentes em alguns tumores, o que ajuda a guiar tratamentos específicos (as terapias-alvo) a partir dos resultados encontrados. Isso evita a realização de procedimentos invasivos e agiliza o direcionamento do plano terapêutico. No futuro, espera-se que o método auxilie a identificar não apenas subgrupos específicos de tumores, mas também colabore para monitorar continuamente a eficácia do tratamento estabelecido.
* Dr. Vladmir Cordeiro de Lima é oncologista clínico e pesquisador do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo
Fonte: Site | Abril – Saúde