No dia 6 de novembro aconteceu, no Rio de Janeiro, a nona edição do Fórum…
Paciente oncológico, previna-se do coronavírus!
Os pacientes com câncer, especialmente de sangue, devem seguir os cuidados de forma intensa. O mesmo vale para os cuidadores e familiares dessas pessoas
Por Natália Mancini
O novo coronavírus trouxe uma grande preocupação em relação aos os pacientes oncológicos, já que são considerados como grupo de risco por serem imunossuprimidos. Fazer parte de um grupo de risco significa que aquela pessoa possui características que a tornam mais propensa a contrair ou desenvolver um quadro mais complicado de uma certa doença. Assim, para essas pessoas, vale a pena incluir alguns cuidados de prevenção contra a COVID-19 mais intensos na rotina!
Esses cuidados são ainda mais necessários no caso dos pacientes onco-hematológicos, porque seu sistema imunológico apresenta maior comprometimento. Sendo que o grau de impacto na defesa do corpo pode variar desde algo leve, até muito intenso.
“Isso acontece tanto pela doença de base como pelo tratamento e evolução. Dessa maneira, eles se tornam mais vulneráveis à contração de processos infecciosos nos mais diversos espectros, virais, bacterianos, fúngicos, etc”, explica o Dr. José Marques, hematologista e vice-presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).
Por exemplo, os pacientes com leucemia linfoide crônica (LLC) sem necessidade de tratamento, apresentam uma leve perda da função dos linfócitos, que é justamente combater vírus e bactérias. Por outro lado, os pacientes que realizaram, recentemente, um transplante de medula óssea (TMO), têm poucas ou nenhuma célula de defesa. Porém, ambos são considerados grupos de risco, já que a evolução da infecção por COVID-19 pode ser mais perigosa.
Com isso, seguir algumas orientações de como agir, principalmente nas idas ao hospital, podem fazer toda diferença!
Prevenção do paciente oncológico enquanto estiver no hospital
“O ideal é não ir ao hospital e, quando o paciente precisar de atendimento, o melhor seria ir em consultórios ou clínicas ambulatoriais de quimioterapia”, o Dr. Marques enfatiza.
Entretanto, como nem sempre é possível evitar essa visita, especialmente em casos de emergência, o hematologista diz que algumas medidas simples são muito eficientes. Por exemplo, ir pela manhã, pois, normalmente, há menos movimento nos pronto atendimentos.
Além disso, no caso de hospitais particulares, é recomendado entrar em contato com o oncologista responsável. Ele dirá se é aconselhável ir até o local e pode deixar o pronto atendimento informado, diminuindo o tempo de espera.
Estando no hospital, a orientação é não ficar andando pelo local, permanecer somente o tempo necessário e manter-se longe de outros pacientes. Juntamente a isso, os cuidados básicos do cotidiano devem ser reforçados dentro do hospital. Por exemplo, não cumprimentar com abraço e/ou beijo, higienizar bem as mãos e cobrir nariz e boca ao espirrar.
Também é essencial que o paciente esteja de máscara o tempo todo – essa orientação vale, na verdade, para qualquer ambiente.
De acordo com o Dr. Marques, a máscara deve ser usada “sempre que o paciente estiver em contato com outras pessoas, independentemente se estão infectadas ou não. As aparências saudáveis podem enganar, pois as pessoas podem estar em período assintomático e transmitindo o vírus”.
O ideal é que o paciente tenha somente uma pessoa de acompanhante e ela não tenha sintoma gripal ou mais de 60 anos. Principalmente, no caso de internações.
“A presença de um acompanhante durante a internação, para mim, é algo muito válido. Porém, é preciso restringir acompanhantes com quadros infecciosos, principalmente coriza, diarreia etc. Também devem ser priorizados acompanhantes que se mostrem úteis e sejam capazes de ajudar no tratamento e convivência”, o Dr. Marques fala.
Prevenção do paciente oncológico em casa
Segundo o médico, mesmo para quem não está em tratamento oncológico, o cenário atual exige que os cuidados de higiene e limpeza sejam os mais intensos possíveis.
Dessa forma, o cuidador ou familiar que vive com o paciente deve seguir as orientações do Ministério da Saúde. A ideia principal é evitar trazer o vírus para dentro da casa por meio de métodos simples.
Então, ao chegar da rua, se possível, deixar o sapato fora de casa. Ao entrar, colocar carteira, chaves e bolsa perto da entrada e tomar banho, preferencialmente lavando o cabelo, antes de ter contato com o paciente.
O ideal seria realizar uma limpeza completa da casa todos os dias, especialmente no chão perto da entrada. Porém, caso não seja possível, é recomendado higienizar as superfícies mais tocadas. Por exemplo, mesas, bancadas, celulares, controle da televisão, maçanetas, interruptores e superfícies do banheiro.
Da mesma forma, sempre que forem feitas compras, como comida e medicamentos, elas devem ser higienizadas com álcool 70% antes de serem guardadas.
Além disso, é muito importante evitar que esse acompanhante ou familiar contraia a COVID-19.
“Como?”, questiona o Dr. Marques. “Prevenindo que uma pessoa que conviva com um paciente oncológico pegue o coronavírus. Se for uma pessoa com muita exposição, como profissionais da saúde, trabalhadores de serviços essenciais, eles não devem conviver com o paciente oncológico”.
Caso essa pessoa, mesmo com os cuidados, venha a contrair a doença, ela deve se distanciar do paciente oncológico imediatamente. Em seguida, é preciso ficar atento caso o paciente apresente algum sintoma da covid-19. Como febre, ou estado febril, tosse, dor de garganta, diarreia, dificuldade para respirar, coriza e perda de olfato ou paladar. Caso ele desenvolva algum desses sinais, o médico responsável pelo tratamento deve ser procurado ou o paciente levado para o hospital no qual realiza o tratamento oncológico.
Recomendações básicas de prevenção do Ministério da Saúde
- Lavar frequentemente as mãos por, pelo menos, 20 segundos, com água e sabão, ou higienizá-las com álcool em gel 70%.
- Cobrir boca e nariz com lenço descartável ou braço ao tossir ou espirrar e, em seguida, se higienizar.
- Evitar levar as mãos aos olhos, nariz e boca.
- Evitar contato físico, como beijos, abraços e aperto de mãos.
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, copos, pratos e toalhas.
- Higienizar frequentemente celular, controle da televisão e brinquedos das crianças.
- Manter os ambientes limpos e com as janelas abertas para o ar circular melhor.
- Dormir bem e ter uma alimentação saudável para fortalecer o sistema imunológico.
- Se precisar sair de casa, utilize máscara de proteção.
- Se possível, fique em casa.