No dia 6 de novembro aconteceu, no Rio de Janeiro, a nona edição do Fórum…
Rapaz tirou uma selfie por dia durante um ano para registrar cura do câncer
Artur conta que não foi logo de cara que ele resolveu postar a respeito da doença na internet e que tinha uma visão antiga sobre o assunto
TEm outubro de 2019, aos 18 anos, Artur Pacheco foi diagnosticado com câncer após notar um caroço no pescoço sem qualquer sintoma associado e, apesar de tanto a descoberta quanto o tratamento não terem sido fáceis de encarar, ele usou a web para documentar com leveza todas as etapas – publicando até um vídeo que compila fotos tiradas por ele diariamente durante mais de um ano para mostrar a transformação física.
Ao tocar o pescoço em um dia como outro qualquer no final de 2019, Artur Pacheco notou uma protuberância em sua lateral e, ao mostrar aquilo aos pais, a desconfiança deles fez com que eles decidissem ir ao médico. Após inúmeros exames de resultados inconclusivo e duas biópsias, o jovem teve o diagnóstico de linfoma não Hodgkin – que recebeu com surpresa, afinal ele não tinha nenhum outro sintoma de câncer.
“Eu não tinha nenhum sintoma, então a gente – eu, minha família e todo mundo que estava me acompanhando – sempre acreditou que não seria nada, mas depois que vimos que realmente era câncer e eu teria de passar pelo tratamento… Fiquei muito assustado no dia, meio perdido, meio estagnado, sem acreditar”, diz ele ao VIX, lembrando que, logo, porém, tentou encarar as coisas de uma forma mais leve.
“Tive meu momento de tristeza, de raiva, mas logo isso passou porque eu sabia que não ia adiantar muito ficar me culpando, me questionando. Depois que isso passou, comecei a fazer o tratamento, a realmente me entregar para me curar logo e voltar à minha vida”, afirma o jovem que, apesar de ter hesitado no início, começou a compartilhar a história nas redes sociais logo após o início do tratamento.
“Quando comecei a passar pelos médicos, não postei nada porque ainda tinha em mente aquela visão que a sociedade tem, de que câncer é um diagnóstico de morte. Então eu recuei e falei: ‘Nossa, como vou postar isso na internet?’. Mas depois de um tempo que raspei a cabeça e as coisas foram acontecendo, eu comecei a entender, a aceitar parcialmente e a postar”, conta, explicando a intenção que teve ao fazer isso.
“Comecei a contar [na internet] porque pesquisei e não achei ninguém que tivesse passado pelo tipo de tratamento pelo qual eu ia passar, o tipo de câncer pelo qual passei. Encontrei muitas pessoas que passaram por algo parecido e falei: ‘Vou postar tudo o que está acontecendo e quebrar esse tabu porque só quem passa por isso sabe como é’”, afirma, ressaltando a ideia de que queria romper com certos preconceitos.
“Quando eu raspei a cabeça e meu cabelo começou a cair, às vezes eu tinha que sair para algum lugar e as pessoas não ficavam perto. Era desagradável – então eu comecei a compartilhar para quebrar isso”, diz Artur, que fez uma série de vídeos para documentar a jornada de tratamento do câncer começando pelo diagnóstico e pelo dia de cortar os cabelos.
Como em boa parte dos casos de câncer, Artur foi informado pelos médicos de que perderia os cabelos e, antes que eles começassem a cair, decidiu raspá-los – algo que não precisou fazer sozinho. “Meus amigos falaram: ‘O dia que você for raspar a cabeça, você avisa a gente que a gente vem também’. No dia que eu combinei de cortar o cabelo em casa, eles foram e eu raspei a cabeça de todo mundo”, relembra ele.
Por ter um cabelo longo, Artur era bastante apegado aos cabelos – e lembra que a atitude dos amigos teve uma significância enorme. “Foi muito legal ver que eu não estava sozinho, que eles estavam comigo. Fiquei muito feliz”, afirma o jovem que, apesar de ter encarado a situação com certa leveza, não deixou de sentir também as partes difíceis do processo.
Ao todo, Artur passou por seis ciclos de quimioterapia, intercalando sessões de um dia e sessões de três dias entre intervalos de 21 dias. A partir do primeiro, ele já começou a sentir os efeitos desagradáveis do tratamento – como náuseas e cansaço –, precisou ficar internado duas vezes ao longo do tratamento devido à fraqueza e, mesmo meses após o fim do processo, ainda sente alguns dos sintomas.
Apesar de o processo ter sido tão difícil quanto qualquer outro tratamento de câncer e de o diagnóstico de linfoma não Hodgkin ter surpreendido até os médicos que atenderam Artur, o jovem sempre teve fé de que se curaria – e o prognóstico dado a ele desde o início já era bastante positivo. Hoje, como esperado e desejado por ele, Artur está curado, e carrega consigo aprendizados importantes.
“Além de eu ter amadurecido, ter outra visão do mundo, da vida, aprendi a dar valor às pequenas coisas que acontecem. Fiquei muito tempo sem conseguir fazer uma refeição que eu estava com vontade de comer. Fiquei muito tempo assim, mais de seis meses, então quando conseguia comer algo… É algo simples, a gente já está acostumado, mas, para mim, a ação de comer já era muita coisa, então comecei a dar valor”, disse.
Assista o vídeo aqui .
Fã de fotografia, ele também fez questão de documentar a transformação física e, para isso, optou por tirar fotos diárias durante o tratamento, compilando-as em um vídeo que traz imagens tiradas por mais de um ano. Nele, é possível ver desde Artur perdendo os cabelos até o momento em que eles voltaram a crescer após a tão esperada cura – e o resultado é bastante inspirador.
“Que nunca te falte força e coragem pra seguir em frente! É muito bom ver histórias como essa, dá motivação para continuar”, escreveu um seguidor de Artur nos comentários do post. “Muito feliz em ver esse vídeo! Não te conheço tanto, mas através desse vídeo consegui ver muito a sua luta e conquistas!”, afirmou outra internauta. “Acompanhei seu processo e ver que vc venceu é incrível”, disse outra.
Fonte: VIX – Fernanda Labate