Skip to content
11 3149-5190 | 0800-773-9973 FALE CONOSCO IMPRENSA Como ajudar DOE AGORA

Pacientes com leucemia sofrem com falta de medicamento há mais de um mês em Belo Horizonte

Uma caixa do mesilato de imatinibe, com 30 comprimidos, custa cerca de R$ 1 mil e, pelo valor, muitos pacientes interrompem o tratamento contra a doença

Pacientes em Belo Horizonte com leucemia e que dependem de um medicamento conhecido como mesilato de imatinibe estão há mais de um mês sem conseguir o remédio pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Uma caixa da medicação, com 30 comprimidos, custa cerca de R$ 1 mil e, por causa do valor, muitos pacientes interrompem o tratamento contra a doença.

Jéssica Teles tem leucemia mieloide crônica há dois anos e depende do remédio, que está em falta no SUS. “Este aqui é uma doação que eu recebi de uma amiga de Olinda”.

O problema acontece desde dezembro e pode agravar o estado de saúde.

Esse medicamento faz com que a leucemia continue crônica. A falta pode fazer com se torne aguda. A diferença é que hoje eu trabalho, eu faço academia, cuido de casa, diferentemente de que tem a [leucemia] aguda e pode fazer quimioterapia, transplante”, pondera Jéssica.

Mensalmente, ela buscava o medicamento no Hospital das Clínicas (HC), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em BH, que reconhece a falta e confirmou, por meio de nota, que o mesilato de imatinibe é um remédio fornecido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), que é abastecida pelo Ministério da Saúde (MS).

O HC reconheceu que não tem conseguido abastecer a unidade desde novembro de 2021 e que outras estratégias de tratamento estão sendo discutidas pela equipe médica, de acordo com o perfil de cada paciente.

A leucemia é um adoecimento da medula óssea. O tratamento que a Jéssica e tantas outras pessoas dependem evita que as células doentes se multipliquem rapidamente. O remédio adequado garante a qualidade de vida dos pacientes.

“Com a utilização dos ITCAS, que é o inibidor de tirozina quinaze, na qual o imatinibe faz parte, e é o principal medicamento utilizado como primeira linha, a gente sabe que mudou muito o tratamento desses pacientes. Transformou uma doença que era mais grave, com o prognóstico mais reservado, em uma doença controlável na maioria das vezes, crônica, e que tem uma expectativa de vida semelhante a pacientes sem doença, na mesma idade na população em geral”, assinala a hematologista Maira Nunes.

Com relação à falta do medicamento, a SES informou que, de acordo com a política nacional de prevenção e controle do câncer, não é de competência do estado a aquisição de medicamentos oncológicos.

A secretaria afirmou também que, a partir do momento em que um hospital é habilitado para prestar assistência oncológica pelo SUS, a responsabilidade pelo fornecimento do medicamento é desse hospital, mas que, em função da dificuldade para compras, dentre outras razões, o MS assumiu a aquisição de determinados itens, entre eles, o mesilato de imatinibe.

Ainda de acordo com o governo de Minas Gerais, o MS informou, por e-mail, no dia 21 de dezembro de 2021, que a previsão é de que a entrega do medicamento nos estados ocorra no primeiro trimestre de deste ano.

A TV Globo também procurou o MS para falar sobre a reposição do remédio, mas até a última atualização desta reportagem, não havia obtido retorno.

“A gente sabe que isso acarreta vários riscos, por exemplo, perda da resposta da doença, inclusive transformando para uma fase acelerada ou uma fase blástica. A gente sabe que a perda de resposta, principalmente para a fase blástica, é uma fase muito mais grave, com prognóstico muito mais reservado”, finaliza a médica Maira.

 

Fonte: 

Back To Top