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CAR-T Cell: como ficam os sistemas público e privado de saúde?

Última atualização em 13 de julho de 2023

Dra. Catherine Moura, CEO da Abrale, participou de evento no Hospital Israelita Albert Einstein, para discutir o acesso às novas tecnologias

No dia 29 de junho, aconteceu o Board Review: XVI Curso de Revisão em Hematologia, Hemoterapia, Transplante de Medula Óssea e Terapia Celular, evento realizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

O Simpósio Satélite, organizado pela Novartis Brasil, com o tema Kymriah – A importância de falarmos sobre acesso em saúde e direito do paciente em terapia celular contou com a participação da Dra. Catherine Moura, médica sanitarista e CEO da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. Também estavam presentes Dra. Goldete Priszkulnik, médica e executiva em gestão de saúde suplementar e o Dr. Nelson Hamerschlak, coordenador de Onco-Hematologia do Hospital Albert Einstein e organizador da mesa.

CAR-T Cell é o assunto do momento. O tratamento vem revolucionando a ciência com os excelentes resultados apresentados em pacientes com alguns tipos de leucemia aguda e linfoma não-Hodgkin.

Segundo o Dr. Nelson, no Brasil cerca de 1800 a 2 mil pacientes teriam indicação para receber as células T modificadas geneticamente. Mas ainda é uma terapêutica cara e que não está disponível a todos.

“Quando falamos em CAR-T, precisamos pensar nas questões de regulamentação e cuidados com a realização do procedimento ou produtos, em centros de tratamento de referência. Os estudos que estão acontecendo no SUS ainda estão na fase 1. Acabam sendo mais demorados, por serem financiados pelo governo”, comentou.

No momento, apenas o Kymriah®, medicamento de CAR-T Cell, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e vem sendo comercializado no Brasil.

Dra. Catherine Moura ressaltou a importância de o paciente estar no centro das atenções e fazer parte das decisões em Saúde.

“Se toda a comunidade científica está vendo com empolgação as novidades terapêuticas, imagina o paciente? O CAR-T é sinônimo de ganho de vida, com qualidade. Essa é a visão de um paciente que está à espera de um desfecho clínico favorável. O direito à saúde é fundamental. Precisamos olhar par a nossa realidade, a do Brasil. A dificuldade de acesso não é de agora, com as novas terapêuticas surgindo. Ela se dá há anos, e todos os dias. O acesso é mais complexo do que pensamos. Ele compreende o tipo de serviço, qualidade, relação de custo/utilização, financiamento do próprio serviço, e de todos os desdobramentos do sistema de saúde. E não temos equidade no âmbito do serviço público e privado no país”, comentou a CEO da Abrale.

Dra. Catherine levantou outro ponto importante: o Brasil já passou por outros momentos históricos na Saúde, com a chegada de tecnologias inovadoras.

“CAR-T Cell não é o primeiro tratamento revolucionário. E nem será o último. A discussão de incorporação, lá atrás, também aconteceu. E precisamos fazer uma análise disso, para podermos aprender e pensarmos neste cenário de agora”, completou.

Dr. Nelson se lembrou de quando o imatinibe chegou para mudar o tratamento e a vida dos pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC).

“Acompanhei muito da evolução da Onco-Hematologia no Brasil e no mundo. O imatinibe foi a primeira quebra do sistema de saúde. E nem chegava perto do preço dos medicamentos de hoje. Na época foi feito um manifesto, que saiu na Revista Blood, que mostrava que só vamos resolver o problema dos preços no dia que todos os stakeholders sentarem com a indústria para estabelecer limites. O que aconteceu em 2000 está próprio para agora. É uma questão de educação médica”, salientou.

Novas tecnologias X Planos de Saúde

As dificuldades para a incorporação de novos medicamentos e procedimentos não é uma questão apenas do sistema público de saúde. Usuários da saúde suplementar também enfrentam tribulação com a falta do tratamento e/ou aumento nas mensalidades de seus planos. Para a Dra. Goldete, é preciso ter um olhar mais ampliado sobre as operadoras.

“Fica no imaginário popular que o dinheiro é a operadora do plano de saúde, mas esquecemos que ela lida com o dinheiro que nós colocamos nela, quer seja pessoa física, quando nós pagamos o plano, ou pessoa jurídica, quando as empresas pagam o plano para os seus funcionários. O conceito de entender que todos pagamos ajuda a entender o aumento nos valores dos planos de saúde. E devemos pensar no Brasil como um todo, não somente em São Paulo. Os planos de saúde estão em todas as cidades. Então estamos falando de operadores de grande, médio e pequeno porte. Temos operadoras com apenas 1500 vidas. Imagina se ela tiver que obrigatoriamente cobrir CAR-T? Imagina se tiver que fazer uma cobertura de uma terapia gênica?”, pontuou.

Para Dra. Catherine Moura, reformar o sistema de saúde pode ser a saída.

“A extensão das iniquidades do sistema de saúde é enorme. E ela não pode ser aumentada pela prática clínica e de gestão inadequada ou outros componentes. Precisamos rever nossas próprias práticas. O profissional de saúde precisa ampliar seu leque de conhecimento, e inclusive incorporar conhecimento de outras áreas, para ajudar a resguardar o sistema de saúde também. Sou defensora do SUS. E escutar o paciente faz parte dessa equação. Nós somos o sistema de saúde. Somos força de trabalho e estamos dentro dele”, finalizou.

Por Tatiane Mota – Coordenadora de Comunicação da Abrale

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