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Navegação de paciente oncológico demanda equipe multidisciplinar, dizem especialistas em congresso
Sucesso dos tratamentos depende de intercâmbio de profissionais e terapias diversas
Em busca de melhorar a experiência dos pacientes em tratamento oncológico, a navegação reúne equipes multidisciplinares, com médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais. Seja com a cura, seja com cuidados paliativos, o desfecho do quadro clínico é melhor quando o paciente tem acesso a profissionais diversos em sua trajetória.
A jornada do paciente oncológico foi discutida em uma das mesas desta quarta-feira (28) no 9º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, promovido pela Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia). Organizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, o painel reuniu especialistas do Centro de Oncologia e Hematologia Einstein e foi mediado por Elisa Conte, coordenadora assistencial do centro.
O objetivo do atendimento com equipe multidisciplinar é o acolhimento do paciente e a redução de suas angústias em todas as fases do tratamento, diz a enfermeira navegadora Claudia Patricia Villar de Godoy.
Ainda assim, a participação nas atividades da navegação não deve se restringir aos pacientes e é fundamental que os cuidadores da pessoa com câncer estejam presentes nos momentos de consulta, para que toda a rede de apoio ao paciente oncológico fora do ambiente hospitalar saiba lidar com dificuldades do tratamento, como os efeitos colaterais, afirma Godoy.
Com amigos, familiares e cuidadores ativos no processo de navegação do paciente oncológico, aprimora-se também a integração entre as terapias prescritas em cada especialidade, diz a psicóloga Silmara Ferreira Costa Silva.
Ela explica que a navegação bem-sucedida depende do conhecimento da equipe multiprofissional sobre o paciente, suas preferências, sua dinâmica familiar e o impacto que o diagnóstico representou no seu momento de vida e de quem está próximo a ele. Com essas percepções, a comunicação entre o profissional e o paciente pode ser feita de forma mais simples, para atender às demandas de organização e adaptação a uma nova rotina.
Na mesma linha de Godoy e Silva, o oncologista clínico Guilherme Andriatte afirma que cabe ao médico acolher, criar uma relação de confiança com o paciente e saber orientar sobre aspectos distintos da jornada, como no caso da recomendação de vacinas aos pacientes oncológicos. O ideal seria imunizar contra influenza e doenças pneumocócicas, por exemplo, antes do início do tratamento, para evitar intercorrências durante o processo, mas nem sempre isso ocorre, diz.
É preciso ainda que o médico saiba os momentos corretos para recorrer a outras especialidades, ressalta. Diante da dor, é comum que o oncologista busque ajustar as doses de medicações, mas há casos em que sessões de fisioterapia funcionariam melhor tanto para aliviar a queixa quanto para reabilitar e fortalecer a massa muscular do paciente, explica Andriatte.
No Centro de Oncologia e Hematologia Einstein, o paciente conta também com serviço de nutrição para avaliação e suporte em questões como falta de apetite e até higiene dos alimentos, já que a imunidade fica mais baixa durante tratamentos oncológicos, diz a nutricionista Marcia Tanaka.
Mesmo quando o desfecho não é a cura, a qualidade de vida e o conforto são os focos das práticas de medicina integrativa, explica Maria Ester Azevedo, coordenadora desta área no Einstein. As atividades propostas contribuem para o manejo de sintomas como dor e estresse, e promovem o bem-estar com ferramentas da yoga, como meditação e respiração diafragmática, para incentivar o autocuidado.
A navegação do paciente é importante mesmo diante de tratamentos que exigem menos frequência ao hospital, como a hormonioterapia, já que a adesão pode ser prejudicada se o paciente não for orientado sobre o uso adequado das medicações, alerta a enfermeira Michele Bezerra.
Em momentos de cura, quando o tratamento chega ao fim, os pacientes contam também com o setor de survivorship, coordenado por Fábio Romano, que oferece ajuda para lidar com sintomas físicos prolongados, como fadiga, e a manter o autocuidado fora do ambiente hospitalar.