Em 11 de dezembro, a Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia…
Tratamento para leucemia mieloide crônica é discutido na ANS
A audiência pública de número 41, promovida pela ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, teve como foco a discussão sobre a recomendação preliminar de não incorporação de duas tecnologias: o bosutinibe para o tratamento da leucemia mieloide crônica e o olaparibe para o câncer de mama inicial de alto risco. A mesa diretora, composta por representantes da ANS, conduziu o evento, que teve como objetivo principal colher contribuições para a tomada de decisão sobre a atualização do rol de procedimentos e eventos em saúde.
Durante a audiência, foram apresentados detalhes técnicos e econômicos sobre o bosutinibe, incluindo sua eficácia, segurança e análise de custo-efetividade. A tecnologia recebeu uma recomendação preliminar desfavorável, e os participantes da audiência defenderam a sua incorporação, destacando sua importância como uma opção terapêutica adicional para pacientes com leucemia mieloide crônica que apresentam resistência ou intolerância a terapias prévias.
Médicos hematologistas ressaltaram a necessidade de ampliar o leque de opções terapêuticas, levando em consideração o perfil individual de cada paciente, suas comorbidades e mutações específicas. Renato Tavares, representando a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), destacou a importância da aprovação do bosutinibe devido à sua falta de cardiotoxicidade significativa e eficácia em pacientes com leucemia mieloide crônica.
Ele ressaltou a diversidade de comorbidades e a necessidade de opções de tratamento, citando aprovações internacionais e o reconhecimento da redução do impacto orçamentário em relação a outras terapias.
E os nossos motivos são, primeiramente, como a doutora Cátia já falou, nós temos uma população de pacientes muito diversa em termos de comorbidades. E o bosutinibe, dentre os inibidores de segunda geração, é o único que não tem cardiotoxicidade significativa. Então, esses pacientes, quando necessitam de uma terapia, eles atualmente têm apenas o dasatinibe ou o nilotinibe, e ambos têm um impacto no sistema cardiovascular e pulmonar muito importante. Nós também temos uma diferença de mutações resistentes ao imatinibe, em que o bosutinibe atua de maneira efetiva, onde outros não atuam. Dr. Renato Tavares (ABHH)
Thiago Matos expressou preocupação com a falta de discussão na diretoria colegiada, destacando a inconsistência nas motivações e a necessidade de um processo mais transparente e padronizado. Ele também enfatizou a importância de garantir opções terapêuticas para diferentes perfis de pacientes, a busca por mecanismos para redução de preços e a regulamentação da Lei 14.454 para garantir os direitos dos pacientes.
Além disso, foi enfatizada a importância de considerar o risco cardiovascular dos pacientes ao selecionar o tratamento de segunda linha, destacando o perfil de segurança do bosutinibe em comparação com outras opções disponíveis no rol da ANS. Luana Ferreira Lima, da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, enfatizou a importância do debate em curso e a complexidade do contexto das doenças onco-hematológicas, como leucemias e linfomas.
Pontuou a urgência em resolver questões de sustentabilidade, modelo de processo e redução de preços, que impactam diretamente o acesso dos pacientes ao tratamento. Ressaltou que o paciente não pode esperar e expressou preocupação com a falta de opções terapêuticas, especialmente para doenças raras e em um cenário de envelhecimento populacional. Mencionou a necessidade de tratamentos de segunda e terceira linha para pacientes com leucemia mieloide crônica e lamentou a falta de opções no sistema de saúde pública e suplementar. A diversidade da população de pacientes, com diversas comorbidades, também foi ressaltada e a importância de atender às suas necessidades.
Aqui foram colocadas questões em discussão que são extremamente importantes, mas o nosso paciente não pode esperar. Ele precisa ter maiores opções terapêuticas, ele precisa ser atendido, ele precisa ter menos riscos de comorbidades e, por isso, eu peço a incorporação, peço que o processo seja revisto, tendo em vista as colocações que foram apresentadas. Luana Lima (Abrale)
Os resultados e contribuições recebidos durante a audiência serão objeto de análise em um relatório a ser disponibilizado posteriormente pela ANS, contribuindo assim para o processo de atualização do rol de procedimentos e eventos em saúde.
Confira a audiência completa!