Tudo sobre o Mieloma Múltiplo:
Mieloma Múltiplo tem cura?
Com os avanços da ciência, hoje existem importantes opções para o tratamento do mieloma múltiplo, que possibilitam ao paciente viver bem e com qualidade. Veja quais são, entenda como eles agem no organismo, e informe-se sobre os possíveis efeitos colaterais:
Quimioterapia para Mieloma Múltiplo
Este é o tratamento mais comum. Vários medicamentos extremamente potentes no combate ao câncer são utilizados com o objetivo de destruir, controlar ou inibir o crescimento das células doentes. Sua administração é feita em ciclos, com um período de tratamento, seguido por um período de descanso, para permitir ao corpo um momento de recuperação. O cateter será indicado. Esse dispositivo é usado para que os medicamentos sejam infundidos diretamente na corrente sanguínea, sem a necessidade de puncionar veias muitas vezes.
Alguns efeitos colaterais podem surgir, como enjoo, diarreia, obstipação (intestino preso), alteração no paladar, boca seca e feridas na boca (mucosite). Mas existem medicamentos que podem amenizá-los. A queda de cabelo também costuma acontecer, pois a quimioterapia atinge as células malignas e as saudáveis, em especial as que se multiplicam com mais rapidez, como os folículos pilosos, responsáveis pelo crescimento dos cabelos.
Nessa fase, busque por alternativas como lenços, bonés ou perucas, caso se sinta mais à vontade. A imunidade baixa, comum a esta fase do tratamento, pode facilitar o surgimento das infecções. A febre é o aviso de que um processo infeccioso está começando, então não deixe de avisar seu médico.

Dentre os principais quimioterápicos utilizados estão:
- Ciclofosfamida
- Cisplatina
- Doxorrubicina
- Doxorrubicina lipossomal
- Etoposide
- Melfalano
- Vincristina
O que são imunomoduladores?
Estes medicamentos têm por objetivo atuar diretamente no sistema imunológico do paciente, conferindo aumento de resposta contra vírus, bactérias, fungos, dentre outros invasores.

Talidomida
É um importante medicamento utilizado no tratamento do mieloma múltiplo. Dentre as ações no organismo estão a melhora das atividades das células imunes e a inibição da inflamação destas células, melhorando a ativação dos linfócitos T e das células conhecidas por natural killer (NK) – que ajudam eliminar as células do câncer. Os estudos apontam que utilizar este medicamento pode aumentar as chances de sobrevida.
Lenalidomida
É uma 2ª geração de imunomoduladores utilizada em combinação com outros medicamentos em pacientes de mieloma múltiplo em primeira linha e também nas recidivas (quando a doença volta). Está indicada em terapia combinada na primeira linha de tratamento quando não é possível realizar o transplante de medula óssea e também como terapia de manutenção nos pacientes que realizaram o transplante. Dentre as ações no organismo estão a melhora das atividades das células imunes e a inibição da inflamação destas células, melhorando a ativação dos linfócitos T e das células conhecidas por natural killer (NK) – que ajudam eliminar as células do câncer. De acordo com especialistas, utilizar este medicamento pode até triplicar as chances de sobrevida das pessoas que enfrentam o mieloma múltiplo, além de melhorar bastante a qualidade de vida, já que apresenta menos efeitos colaterais que a talidomida. O principal efeito colateral pode ser a diminuição das taxas sanguíneas no hemograma.
Pomalidomida
Segundo especialistas, utilizar em terapia associada pode aumentar as chances de sobrevida das pessoas que enfrentam o mieloma múltiplo após uso de lenalidomida. O principal efeito colateral pode ser a diminuição das taxas sanguíneas no hemograma.
Bem importantes para o tratamento do mieloma múltiplo, estes medicamentos são bastante eficientes e atacam mais as células doentes e menos as sadias.
Bortezomibe
Indicado para o tratamento de primeira linha para pacientes com ou sem recomendação de transplante de medula óssea. Ainda está indicado quando o mieloma volta e o paciente já recebeu pelo menos um tratamento anterior, e também na situação que se chama retratamento. Ele é administrado subcutâneo e tem como efeitos colaterais náuseas, vômitos, cansaço, diarreia, constipação, diminuição das taxas sanguíneas e neuropatia periférica.
Carfilzomibe
É indicado para pacientes que já foram tratados com o bortezomibe em uma linha de tratamento anterior, mas que não responderam ou que a doença voltou. Sua administração é intravenosa e os efeitos colaterais são similares ao bortezomibe, porém com um potencial maior de toxicidade cardiológica.
Ixazomibe
Primeiro inibidor de proteassoma oral, usado em combinação com lenalidomida e dexametasona em pacientes com mieloma múltiplo que já receberam pelo menos um tratamento anterior.
Indicado para o tratamento de primeira linha para pacientes com ou sem recomendação de transplante de medula óssea. Ainda está indicado quando o mieloma volta e o paciente já recebeu pelo menos um tratamento anterior, e também na situação que se chama retratamento. Ele é administrado subcutâneo e tem como efeitos colaterais náuseas, vômitos, cansaço, diarreia, constipação, diminuição das taxas sanguíneas e neuropatia periférica.
Elotuzumabe
Indicado para o tratamento de primeira linha para pacientes com ou sem recomendação de transplante de medula óssea. Ainda está indicado quando o mieloma volta e o paciente já recebeu pelo menos um tratamento anterior, e também na situação que se chama retratamento. Ele é administrado subcutâneo e tem como efeitos colaterais náuseas, vômitos, cansaço, diarreia, constipação, diminuição das taxas sanguíneas e neuropatia periférica.
Daratumumabe
É indicado como primeira linha de tratamento quando o transplante de medula óssea está ou não recomendado. É indicado também para o tratamento das primeiras recidivas, caso o paciente não tenha utilizado na primeira linha. Os estudos mostram que utilizar combinações com daratumumabe, principalmente na primeira linha de tratamento, pode aumentar significativamente a sobrevida das pessoas que enfrentam o mieloma múltiplo. Os principais efeitos adversos são as reações relacionadas à infusão da administração intravenosa, como tosse, chiado no peito, dificuldade respiratória, mas que reduzem bastante quando utilizada a administração subcutânea do daratumumabe.
Isatuximabe
Atualmente, está indicado para pacientes que já receberam de uma a três terapias prévias. Sua administração é intravenosa e os efeitos colaterais são reações relacionadas à infusão, fadiga, febre e risco de infecções.
Essa nova classe terapêutica vem revolucionando o tratamento oncológico em todo o mundo. Estes medicamentos possuem anticorpos monoclonais que podem se conectar a dois antígenos ao mesmo tempo, por um lado reconhecendo a célula tumoral e por outro lado se ligando aos linfócitos do paciente, estimulando o sistema imune a atacar a doença de maneira muito eficaz.
No tratamento do mieloma múltiplo, o teclistamabe e elranatamabe, por exemplo, têm como alvo os receptores CD3 e os antígenos de maturação de células B (BCMA). Talquetamabe tem como alvo receptores CD3 e a proteína GPRC5D.
Estas 3 opções já estão aprovadas e disponíveis para tratamento no Brasil de acordo com a indicação, descrita em bula, para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo recidivado ou refratário que receberam pelo menos três terapias anteriores, incluindo um inibidor de proteassoma, um agente imunomodulador e um anticorpo monoclonal.
Como vimos, o mieloma múltiplo pode provocar enfraquecimento e fraturas dos ossos. Estes medicamentos podem ajudar os ossos a se manterem fortes, já que diminuem a velocidade da perda óssea. Os mais utilizados são pamidronato, ácido zoledrônico e denosumabe.
Transplante autólogo o que é?
A indicação de transplante de medula irá depender de fatores como estadiamento do mieloma múltiplo, das condições físicas do paciente e da idade. Também chamado por transplante de células-tronco hematopoiéticas esta é uma opção importante para o controle do mieloma múltiplo
Geralmente a opção escolhida é o transplante autólogo, o que significa que a medula óssea usada para o transplante vem do próprio paciente, ou seja, acontece com as próprias células do paciente. As células-tronco são coletadas por meio de uma veia ou por meio de coleta direta da medula óssea em ambiente de centro cirúrgico, congeladas e armazenadas (criopreservação).
Antes de realizar a coleta das células da medula óssea para o transplante, o paciente recebe alguns ciclos de tratamento medicamentoso para controlar e diminuir o número de plasmócitos doentes do corpo.

Condicionamento
Após a coleta e criopreservação, o paciente é submetido a um regime de quimioterapia em altas doses, chamado de condicionamento, que tem o intuito de eliminar as células doentes. Esse regime quimioterápico leva, consequentemente, à destruição da medula óssea do paciente.
Transplante
Após a quimioterapia, as células-tronco do paciente previamente coletadas são descongeladas e infundidas no próprio paciente, por meio de infusão intravenosa.
Pós-Transplante
O transplante “não acaba quando termina a infusão intravenosa”. Nesta fase ocorre a aplasia medular, período de queda do número de todas as células do sangue. Nos 100 primeiros dias após o transplante de medula óssea, o paciente fica mais predisposto a infecções (devido a neutropenia) e passa a receber inúmeros antibióticos, além de medicamentos que estimulam a produção dos glóbulos brancos. Neste período, se perceber o surgimento de febre, calafrios, mudança no aspecto das fezes e da urina, enjoos, dores e sangramentos, entre em contato com o médico.
Pega da medula
Quando a medula óssea começa a funcionar novamente (geralmente em torno de 2-4 semanas após a infusão) pode-se dizer que houve a pega da medula, ou seja, o transplante obteve sucesso e a medula voltou a funcionar perfeitamente. Ainda assim, o monitoramento médico continua sendo essencial, pois mesmo após um ano do procedimento, pode vir a aparecer alguma complicação tardia.
Alta hospitalar
A alta hospitalar só será possível no momento em que a medula óssea estiver funcionando bem, ou seja, produzindo as células do sangue em quantidades que protejam o paciente contra infecções e hemorragias.
Uma das maiores descobertas da ciência, o CAR-T Cell vem apresentando importantes resultados no tratamento do mieloma múltiplo.
Todos temos no corpo células de defesa contra invasores como vírus e bactérias. Dentre elas estão as células T. Quando o paciente recebe a indicação para o tratamento com a técnica CAR-T Cell, como primeiro passo serão coletadas suas células T, em um dos hospitais regularizados para o procedimento. Elas são enviadas a um laboratório certificado e geneticamente modificadas para que um novo gene possa ser incluído, contendo uma proteína específica, conhecida como receptor de antígeno quimérico, o CAR. Essa proteína irá direcionar essas células T para matar as células doentes (aquelas que apresentam o antígeno BCMA, no caso do mieloma). Resumindo: as próprias células T do paciente, mudadas geneticamente, irão eliminar as células cancerígenas do corpo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) autorizou, no Brasil, o uso do medicamento Ciltacabtageno Autoleucel ou apenas cilta-cel, baseado nas células T, em pacientes adultos com esse tipo de câncer hematológico. Ele já é comercializado no país. Outro ponto importante é que o medicamento é indicado para pacientes com mieloma múltiplo que não responderam ao tratamento com as três classes de medicamentos utilizadas na terapêutica de combate à doença (agentes imunoduladores, inibidores de proteassoma e anticorpos monoclonais), e que tiveram recidiva. Também é opção para pacientes que foram expostos aos inibidores de proteassoma e que são refratários à lenalidomida.
Como lidar com os efeitos Colaterais?
Os tratamentos utilizados no Mieloma Múltiplo podem apresentar alguns efeitos adversos ao paciente, mas é importante entender que é possível amenizá-los, seja com medicamentos ou até mesmo com a alimentação.
Aqui vão algumas dicas para te ajudar neste momento:
Contra náuseas e vômitos:
- Prefira alimentos frios ou gelados e diminua ou evite o uso de temperos fortes na preparação dos alimentos
- Coma pequenas porções várias vezes ao dia
Contra a diarreia:
- Aumente a ingestão de líquidos, como água, chá, suco
- Evite alimentos laxativos, como doces concentrados, leite de vaca, creme de leite, manteiga, queijos, verduras, cereais e pães integrais, além de frutas como mamão, laranja, uva e ameixa preta
Contra a obstipação (prisão de ventre):
- Evite o consumo de cereais refinados (arroz branco, farinha de trigo refinada, fubá, semolina, amido de milho, polvilho)
- Substitua alimentos pobres em fibras por alimentos ricos nesse nutriente (ex.: feijão, ervilha, lentilha, grão de bico, soja, arroz integral, linhaça, aveia…)
- Beba muita água
Contra a mucosite
- Evite alimentos picantes e salgados com temperos fortes e alimentos ácidos (ex.: limão, laranja pera, morango, maracujá, abacaxi e kiwi)
- Consuma preferencialmente alimentos macios ou pastosos (ex.: creme de espinafre, milho, purês, pães macios, sorvetes, flans, pudins e gelatinas) e também alimentos frios/gelados
Contra a xerostomia (boca seca)
- Beba líquidos em abundância (ex.: água, chá, suco, sopa)
- Aumente a ingestão de alimentos ácidos e cítricos
- Evite alimentos ricos em sal
- Chupe cubos de gelo ao longo do dia
- Utilize pomadas industrializadas (“salivas artificiais”) antes das refeições
Para fortalecer os ossos
- Inclua nas refeições alimentos derivados do leite, peixes, além de soja, nozes, castanhas e linhaça
- Procure realizar uma atividade física de pouco impacto, supervisionada por um profissional
A sobrevida do Mieloma Múltiplo aumentou significativamente nos últimos anos devido a descoberta de novas terapias e novos medicamentos. Veja, na linha do tempo, as novidades introduzidas no tratamento nestes últimos 50 anos.
*Datas de aprovação sanitária pela ANVISA – Brasil