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Audiência pública da Alesp debate gargalos no tratamento de leucemia

Campanha Fevereiro Laranja busca informar sobre a importância do diagnóstico precoce da leucemia e o acesso à medicamentos

leucemia

Nesta quarta (26/2), aconteceu, na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), a Audiência Pública da Campanha Fevereiro Laranja. Fevereiro é o mês de conscientização sobre as leucemias e o evento buscou informar a população, a sociedade médica e os parlamentares sobre a importância do diagnóstico precoce de leucemias e a garantia de acesso a medicamentos.

A Campanha Fevereiro Laranja, prevista na Lei 17.207/2019, foi proposta pelo deputado Thiago Auricchio (PL-SP), presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, que esteve presente na audiência. “Foi o primeiro projeto que eu apresentei aqui na Assembleia e também o meu primeiro projeto aprovado” lembra e acrescenta: “Isso foi até um reflexo que acho que vem de casa. Eu tenho um pai médico, uma irmã médica, apesar de eles não serem hematologistas, sempre debateram a causa dentro de casa”.

Bruna Furlan, presidente da Comissão de Saúde, também participou do evento e colocou a comissão à “disposição para ampliar o debate e dar visibilidade às pesquisas e novos tratamentos, além de buscar o aprimoramento do serviço público de saúde”.

Diagnóstico precoce

Um dos pontos debatidos na audiência foi o diagnóstico precoce das leucemias. Catherine Moura, médica sanitarista e CEO da Abrale, ressalta que ele é “a única oportunidade, é a ferramenta mais efetiva para que a gente possa impactar o paciente”. Isso porque, para alguns subtipos de leucemia, como a promielocítica aguda, é necessário que o tratamento seja iniciado o quanto antes, como explicou Eduardo Rego, professor titular de hematologia na FMUSP.

“A célula leucêmica é capaz de ativar de forma aberrante o sistema de coagulação, é muito dramática a manifestação hemorrágica nesses pacientes e essa é a causa de óbito da maior parte desses pacientes nas primeiros horas”, conta e destaca: “Sabemos que as primeiras 72 horas são chaves para ele”.

Nina Melo, coordenadora de pesquisa da Abrale, relembra que, no Brasil, a legislação oncológica determina que o tratamento do paciente com câncer seja iniciado em até 60 dias, a partir da confirmação do diagnóstico. “Mas para leucemia isso muda um pouco de figura, o paciente que iniciar o tratamento após 60 dias tem as chances de cura reduzidas”, afirma.

“Nós não esperamos que um paciente com leucemia promielocítica aguda esteja vivo com 60 dias até que comece o tratamento. Um documento importante da OMS define que as leucemias agudas são emergências médicas e devem ser tratadas como emergências médicas”, salienta Rego.

Navegação do paciente

Para Renato Cunha, coordenador da área de terapia celular do Grupo Oncoclínicas e coordenador do Comitê de Equidade da ABHH, além do diagnóstico precoce, é preciso que o paciente de leucemia tenha uma jornada terapêutica bem construída. “Se nós não tivermos pacientes adequados para o transplante de medula óssea, que cheguem em boas condições clínicas, com a doença adequadamente tratada e no tempo correto, nós vamos ter um resultado de transplante muito ruim”, conta.

Adriana Seber, coordenadora do Centro de Transplante de Medula Óssea do Instituto de Oncologia Pediátrica – GRAAC e diretora da AMEO (Associação da Medula Óssea), lembra que “a principal causa de morte de um paciente que vai para o transplante não é o câncer, é a infecção”. Isso porque, segundo a hematologista, existe dificuldade para encontrar os medicamentos para o tratamento das complicações infecciosas pós-transplante.

“Não existe interesse comercial dos laboratórios em produzir um remédio que trata uma população tão pequenininha no Brasil”, comenta e adiciona: “Se temos um inimigo que é a leucemia, podemos nos organizar para diagnosticar e tratar melhor, mas se o nosso paciente está morrendo de infecção, também temos que nos organizar para que tenha o tratamento em tempo curto”.

Rosimeire Vieira, paciente de leucemia mieloide crônica, durante a audiência, se definiu como uma “caçadora de pacientes recém-diagnosticados” e busca ajudá-los. “A gente lida com bastante paciente que está com a cabeça a mil, depressivo por ter descoberto a leucemia e não tem acesso ao medicamento, vai demorar dois, três meses, é bem difícil”, narra.

Moura ainda ressalta que o acesso à medicamentos “é sobre disponibilidade, não é sobre incorporação, não é sobre estudo clínico, não é sobre chance numa pesquisa clínica nova. Acesso significa disponibilizar aos pacientes ações, serviços de saúde, procedimentos, medicamentos, tratamento necessário, para todos que precisam, no momento adequado e perto das suas casas”.

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